quinta-feira, 22 de abril de 2010

O Arauto do Bem que Virá





Ao contrário do costume estabelecido, eu não apenas permitirei que este meu primeiro livro, bem como os livros da primeira série, sejam reimpressos em qualquer outro país, mas, se necessário, estou disposto a subsidiar isso, com a condição, é claro, que fidelidade absoluta seja preservada.



G. GURDJIEFF.












Inspirado como estou por uma profunda convicção, vinda de uma longa linha de elucidações e deduções experimentais, que apontam para a conclusão que, se um homem deseja sincera e seriamente, e não de mera curiosidade, atingir o conhecimento do caminho que conduz ao Ser Real, e se ele cumprir para esse fim tudo que é requerido dele, e começar, de fato, dentre outras coisas a ajudar indiretamente e desde o seu primeirissimo passo, a realização disso pelas outras pessoas, ele irá se tornar por este ato apenas, o solo formador, por assim dizer, para os dados reais que contribuem para a manifestação do Bem objetivo e verdadeiro; e animado como estou por uma intensão geral de finalmente chegar por meios de meus argumentos literários e demonstrações públicas propostas para um futuro próximo de elucidações experimentais a incutir dentro da consciência de meus contemporâneos vários tais fatores psíquico-iniciativos, como os que em minha opinião bem como na opinião de todo homem capaz de um pouco de meditação imparcial, deveriam inevitavelmente agir como princípios direcionadores na consciência de todas as criaturas que presumem chamar a sim mesmas de “feitas à imagem de Deus”, de tais fatores “iniciativos”, isto é, como deveria certamente incluir o fator que induz os homens a reagir instintivamente e sob reflexão, a perceber claramente a obrigação moral de ajudar seu próximo, - eu decidi agora no próprio ato de vender e espalhar distante e amplamente os conteúdos desse primeiro de meus escritos pretendido a encabeçar a lista de minhas publicações e direcionado ao cumprimento da tarefa originalmente imposta sobre mim mesmo, para iniciar por si mesmo na consciência do homem a formação do que foi dito anteriormente e, que para a vida em comunidade das pessoas é um fator psíquico importante.


Portanto, como tenho a intenção, por um lado, de dispor para uma multiplicidade de criaturas de nosso pai comum que carregam sua semelhança, mas cujos meios são por uma razão ou outra limitados, a possibilidade de adquirir este meu primeiro livreto livre de cobrança e como eu tenho de outro lado certos planos definidos relacionados com a próxima publicação de meus escritos, eu deliberadamente decidi não fixar nenhum preço definido para este livreto, deixando isso para o livre arbítrio do comprador de pagar de 8 à 108 francos .


Ao mesmo tempo devo, sem entrar nas discussões contemporâneas usuais sobre a vida, expressamente requerer de todos aqueles que vierem adquirir este livreto meu, que respondam três perguntas, que irão ser feitas pelo vendedor para que ele preencha nos parágrafos correspondentes do “registro em branco” anexado neste livreto.




O AUTOR.






MEU PRIMEIRO CONSELHO PRÁTICO.




Aconselho todos os leitores que em qualquer momento me encontraram no terreno de minhas idéias, a adiar a leitura deste primeiro apelo até que tenham, concentrando em sua natureza bem como em seus pensamentos e sentimentos, capturado a essência do conteúdo da carta circular anexada a este livreto e tenham ao mesmo tempo previamente familiarizado-se com o “registro em branco” anexado a esta carta e que será de importância prática para adquirir os livros da minha primeira série de escritos.


G. GURDJIEFF






CARTA CIRCULAR
Endereçada a todos os que em algum momento encontraram-me no terreno de minhas idéias; contém anexados sete formulários de inscrição em branco.




Caro Senhor ou Senhora,



Enquanto olhava hoje o texto final e impresso do primeiro livro de meus escritos, quando fora trazido da gráfica e o qual eu chamei de "O Arauto do Bem que Virá", meus pensamentos começaram a enxamear, como abelhas puro-sangue perturbadas em sua estreita colméia primitiva, com todos os tipos de impressões que foram acumulando-se ao longo de minha vida passada, dentre as quais a lembrança das consequências definitivamente elucidadas em certos casos, cujos resultados exteriores eram como aqueles que, na minha opinião, deveriam surgir na vida dos homens através da publicação deste livro meu.


Enquanto refletia sobre isso, bem como sobre tudo mais conectado com as publicações decorrentes de meus escritos, ocorreu-me que, antes de permitir que este que pode ser chamado de meu “Primogênito-na-Terra" dê seus primeiros passos entre as massas de pessoas não familiarizadas comigo, eu devo primeiro enviá-lo, munido com minha carta circular, para cada uma daquelas pessoas – com tanto, é claro, que eu ainda consiga descobrir seus endereços – amplamente espalhadas pela terra, que alguma vez já entram em contato comigo no terreno de minhas idéias e que mais tarde se desviaram de mim, no sentido das relações subjetivas em relação a mim como uma personalidade, não importa se como amigos ou inimigos.
Eu decidi fazer isso porque este primeiro "filho” meu - constituindo apenas uma parte de um resultado geral muito importante, consequente dos meus oito anos de um quase ininterrupto trabalho ativo concentrado e incomum para o homem contemporâneo, realizado noite e dia - carece ainda, estando por ora isolado e pequeno no negócio, de força suficiente para defender-se contra todos os tipos de armadilhas e infortúnios.


Os meios de se defender, principalmente contra aquele tipo de pessoa, nos últimos tempos em crescente número dentre nós, que embora se pareçam na foma externa conosco, ainda assim se tornam na idade responsável - como um resultado de sua educação anormal na infância, bem como, naturalmente, de sua hereditariedade degenerada - possuidores da natureza e da hereditariedade de verdadeiros corvos vorazes.
Enviando este primogênito meu com a oração da carta de acompanhamento para protegê-lo dos referidos "corvos", eu já agora desejo, em gratidão pela realização do meu pedido e sem esperar o momento tornar-se maduro para isso, como necessariamente tornar-se-á, advertir todos aqueles que já me conheceram, ou que tenham discutido as minhas idéias comigo, sobre uma condição, ainda não explicada neste livreto, contida no meu plano proposto para a propagação de meus escritos por toda a parte , que é minha intenção também publicar em um futuro próximo.
De acordo com essa condição para a aquisição de meus escritos – a despeito do que foi dito no texto do livreto aqui anexado quanto à decisão categórica de tornar acessível apenas os livros da primeira série - os livros da segunda série, como bem como o primeiro livro da terceira série, podem também tornar-se igualmente acessíveis.


O fato é que todos os livros da segunda série serão enviados imediatamente ou distribuídos, assim que estiverem impressos, a qualquer pessoa que os deseje, independentemente se já foi um seguidor meu, ou se só agora se tornou um, para qualquer pessoa cujo endereço estiver indicado nas sete “inscrições em branco''anexadas a esta carta, o preenchimento e envio das inscrições em branco para o centro correspondente para a divulgação de meus escritos ficando imposta como um dever obrigatório para a pessoa, que irá distribuir ou vender o três primeiros livros da primeira série de meus escritos.
Acho que agora seria mais útil - para meu objetivo fundamental, bem como para a compreensão fácil e correta de tudo o que tenho dito nesta minha carta-circular – se, em primeiro lugar, francamente confessar a verdade objetiva com base na qual eu decidi com a consciência limpa fazer uso de um meio tão incomum para a ampla divulgação de meus escritos, e, em segundo lugar, lembrar todos os honoráveis destinatários da minha carta circular de um fato muito real e facilmente imaginável, que desempenhou um papel na minha vida passada durante o período das minhas reuniões e discussões com eles no terreno de minhas idéias.


No que diz respeito à primeira questão, eu tinha em mente aquele "mandamento" já santificado pelas eras para a existência pacífica e feliz das comunidades e que se expressa nas palavras:




"Uma mão-lava-a-outra.''



Mas o último fato mencionado resultou e consiste em que, se eu – a pessoa, isto é, cujo senso comum, compreensão ampla, presença de espírito e capacidades comerciais foram breve porém satisfatoriamente faladas a respeito no primeiro livro da segunda série de meus escritos - carecer no momento, do dinheiro suficiente para a publicação, tendo em vista a felicidade humana, dos meus quase dez anos de trabalho como escritor, um trabalho que é o resultado de meio-século de sofrimento deliberado e trabalho consciente para a realização daquilo que foi, após uma multifacetada reflexão ativa, pré-determinado por mim, dinheiro necessário para evitar ter que depender dos caprichos de vários editores profissionais e não profissionais, isso é devido exclusivamente ao fato que, quando eu – seu antigo "humilde servo" - tive a oportunidade de economizar para tal objetivo tão essencial, esse realmente desprezível dinheiro, que é, para os contemporâneos, a fonte da maioria dos males, doei todo o meu tempo a vocês. E vocês, apenas graças a isso, se você não possui, principalmente por causa da sua preguiça criminosa, e também porque, confesso agora, encontrando você ali como encontrei, eu tinha internamente um objetivo completamente diferente, que que você deveria ter, e que, quando eu então satisfiz, com completa honestidade da minha parte, a sua curiosidade, e às vezes até, talvez, o seu amor por conhecimento, você adquiriu imperceptivelmente de si mesmo e agora tem na sua individualidade: primeiro de tudo, o sentimento necessário de "auto-valorização", que lhe dá a possibilidade de sentir-se superior ao homem médio, e, segundo, você tem em si dados preliminares necessários para entrar com a ajuda das minhas explicações e indicações escritas detalhadas no caminho que conduz ao verdadeiro Ser.


Acho que tenho o direito de exigir de você ainda mais, ou seja, que vocês, como pessoas mais ou menos familiarizadas com a minha linguagem e a forma tomada pelo meu pensamento, bem como com a minha forma original de exposição, deveriam primeiro tentar, sem nenhum daquele "filosofar" comum às pessoas contemporâneas, entender os axiomas diversos iluminados por mim nestes primeiros livros e que em sua inter-relação formam a própria essência de toda esta série de meus escritos imparciais, e deveria, então, dedicar a totalidade de si mesmo, por um período definido, a ajudar através de suas explicações a compreensão deles para outros dos filhos de Nosso Pai Comum, que perdidos como você e que carecem como um resultado, como você no seu mundo interno, de toda a perseverança no que diz respeito às verdades objetivas de qualquer natureza.
Como fui obrigado a endereçar esta primeira carta circular principalmente ás pessoas que já entraram em relação direta comigo, eu gostaria de aproveitar através desta oportunidade e expressar, em conclusão, em nome das gerações futuras, bem como pessoalmente, minha sincera gratidão àquelas das pessoas que entram em contato comigo durante o período de vinte anos de vida mencionado no “Arauto do Bem que Virá", que por muitos anos, sem o seu conhecimento, serviram-me como objetos de minhas observações e investigações dos processos que aconteciam nelas de cristalização e
descristalização desses fatores psíquicos, a transformação dos quais para a aquisição de manifestação subjetivizada exige um período comparativamente longo.


Considero meu dever moral acrescentar aqui que essas minhas observações e investigações no passado não podem agora servir de razão para que essas pessoas, que serviram como o objeto de minha investigação, agora deveriam ter perdido a possibilidade de entrar junto com os outros no verdadeiro caminho e de alcançarem- com a ajuda de minhas detalhadas explicações escritas – o Ser Real.
Para a eliminação automática da entidade geral das pessoas acima mencionadas de todos os fatores psíquicos, capazes de impedir a devoção integral de si mesmas ao trabalho com novas bases para a obtenção do Ser Superior pré-determinado, que deve necessariamente ser familiar ao homem, e para a eliminação, da mesma forma, de algumas resultantes ''borras amargas'' em relação a mim como uma personalidade, eu acho que é necessário dizer apenas o seguinte: --
Acredite em mim, durante todo o período de minhas relações com vocês, meu mundo interior nunca abrigou qualquer impulso egoísta ou altruísta, e existia apenas, sempre e em tudo, o desejo exclusivo de preparar, em toda a perfeição para as futuras gerações a "ciência da Verdade-Objetiva-Da-Realidade ".


Mas saiba, de qualquer modo, que, em primeiro lugar, todo o montante obtido com a venda dos livros da minha primeira série de escritos, será depositada em um fundo especial, reservado para a impressão, a divulgação desses escritos entre as massas e para prestação de facilidades para os que não podem adquiri-los e, em segundo lugar, todas as informações pormenorizadas sobre a literatura todo-abrangente criada por mim durante esses anos serão respondidas, por enquanto, apenas do gabinete central das minhas publicações, cujo endereço é: Chateau "Paradou", em Fontainebleau, na França.
No momento, o primeiro livro da primeira série já está sendo preparado e impresso nas línguas coloquias Russa, Francesa, Inglesa e Alemã; traduções já estão sendo finalizadas em armênio, espanhol, turco e sueco.
Até agora, os livros da primeira série estão sendo impressos somente na França, num futuro próximo, é proposto iniciar a impressão na Alemanha, na América e na Pérsia.
Para a venda a varejo da primeira edição dos livros desta série eu fixo o preço, independentemente do local de venda, a 200 francos franceses.


G. GURDJIEFF



Terça, 13 de setembro de 1932.


Café de la paix.


Paris.


Uma altamente original, e para mim, até mesmo perturbadora coincidência de diversos fatores muito ocultos e inteiramente diferentes, surgindo da minha atividade e tendo sustentado até hoje, não apenas me compele mas também me inspira a marcar este dia como uma recusa de esperar por um momento mais conveniente, e por uma intenção de começar neste exato dia uma exposição do primeiro de sete apelos que, dentre outros eu decidi endereçar durante meu período de atividade como escritor para toda a humanidade contemporânea.


Devo começar por explicar a natureza particular dessa estranha coincidência.


Em primeiro lugar, expondo como tenho feito noite e dia por quase dez anos todos os tipos de fragmentos da massa geral de informação pretendidas por mim para publicação, terminei, como acontece, somente neste dia uma compilação preliminar do material designado para esse propósito.


Em segundo lugar, engajado como tenho estado, no curso dos últimos três anos na conclusão, paralelo a isso, da primeira serie de meus escritos pretendida para encabeçar a lista de minhas publicações, eu também finalmente completei esse trabalho precisamente neste dia.


Em terceiro lugar e finalmente, - hoje é o ultimo dia do termo que eu assinei para mim mesmo 21 anos anos atrás, - termo durante o qual eu tive, de acordo com um juramento especial que fiz, que limitar-me em minha consciência a levar de algumas maneiras uma vida artificial, modelada sob um programa que tinha planejado previamente de acordo com certos princípios definidos.


Antes de aventurar-me a revelar a própria substancia do meu primeiro apelo a humanidade contemporânea, considero essencial e até mesmo de toda maneira meu dever, expor - mesmo que aproximadamente - os motivos que compeliram-me a assumir todo o fardo de tal vida artificial.


Esta vida protegida, para mim absolutamente não natural, absolutamente irreconciliável, também, de toda maneira com os traços que se arraigaram em minha individualidade no tempo de minha maturidade, foram conseqüência direta da minha decisão, fundada sob os resultados dos meus estudos prévios de toda uma serie de precedentes históricos, tendo em vista, em primeiro lugar, impedir, até um certo grau através de manifestações exteriores não naturais de mim mesmo, a formação, em relação a mim, daquele “algo” já notado nos tempos antigos, denominado pelo grande Salomão, Rei de Judá, “Tzvarnoharno”, que, como foi colocado pelos nossos ancestrais, forma-se por um processo natural na vida em comunidade das pessoas, como o resultado de uma conjunção de ações malignas das assim chamadas “pessoas comuns”, e leva à destruição tanto daquele que tenta alcançar algo para o bem estar humano geral, e de tudo que ele já realizou algo para esse fim. Em segundo lugar, tendo em vista, - neutralizar as manifestações nas pessoas com quem eu entrei em contato, aquele traço inerente o qual, embutido como está na psique das pessoas e agindo como um impedimento para a realização das minhas metas, que evoca neles, quando confrontados com outras pessoas mais ou menos proeminentes, o funcionamento do sentimento de escravidão, paralisando de imediato e para sempre a capacidade deles de demonstrarem a iniciativa pessoal da qual eu então tinha uma necessidade particular.


Meu objetivo naquele momento estava concentrado na criação de condições que permitissem a elucidação compreensiva de um aspecto complicado e difícil de ser explicado da questão que tinha já tinha muito tempo antes do inicio desta minha vida artificial, tornado-se inerente em meu ser, e cuja necessidade da solução final tornou-se,- seja pela vontade do destino, ou graças a inescrutáveis leis da hereditariedade, e no momento parecia ser - a meta fundamental de minha vida toda e a força motivadora de minha atividade.


Encontro-me obrigado - nesta, por assim dizer, afirmação definitiva como um escritor, que terá também que servir dentre outras coisas como um tipo de “prospecto” da nova fase de minha ininterrupta atividade para o bem estar de meus semelhantes, - a dar um breve esboço da história do surgimento e desenvolvimento daqueles eventos e causas que foram responsáveis pela formação em minha individualidade da luta insaciável por resolver essa questão, que tinha no final, se tornado para mim o que os psicólogos modernos nomeariam como uma “Mania irresistível”.


Essa mania começou a impor-se sobre meu ser no momento de minha juventude quando eu estava a ponto de atingir a idade responsável e consistia no que eu chamaria agora de uma “busca árdua irreprimível” para entender claramente o significado preciso, em geral, do processo da vida na Terra, de todas as formas exteriores de criaturas que respiram, e em particular, da meta da vida humana sob a luz dessa interpretação.


Embora uma multiplicidade de fatores muitos específicos, condicionados pela minha educação e criação, tenham servido como a causa primordial para a formação em meu ser do terreno formativo para tal, para o homem contemporâneo, incomum busca árdua, ainda assim, como entendi depois ao pensar sobre o assunto, a causa principal deve no fim ser atribuída àquelas circunstâncias de minha vida que coincidiam precisamente com a transição anteriormente mencionada da idade preparatória para a idade responsável, e que pode ser resumida no fato de que todos os meus contatos naquele período eram quase exclusivamente com tais pessoas da minha idade ou com os mais velhos que estavam tanto no processo de formarem a si mesmos ou que já tinham sido formados precisamente naquela, posteriormente aumentada entre nós, “tipicidade psíquica” das pessoas, a formação da qual, como eu estabeleci estatisticamente durante a existência da minha fundação, “O Instituto Para o Desenvolvimento Harmonioso do Homem”, é devida ao fato de que os futuros representantes desta “tipicidade”, nunca, seja com uma visão da compreensão da realidade, ou no período da idade preparatória, ou, novamente, no período da idade responsável, absolutamente nunca, e a despeito da necessidade óbvia de tal passo, colocaram-se abertos para experimentar, mas contentaram-se com as fantasias das outras pessoas, formando delas concepções ilusórias e, ao mesmo tempo, limitando-se a relacionar-se com aqueles como eles, e tendo automatizado a si mesmos ao ponto de se engajar sob discussões autoritativas de todos os tipos de temas aparentemente científicos, mas na maior parte, temas abstratos.


Embora eu, também, naquele período de minha vida, parecesse com eles e minhas manifestações exteriores, sendo que eu era tanto quanto eles um produto das mesma condições anormais do meio que nos cercava, ainda, graças às circunstâncias que eu era possuidor em minha natureza, desde a infância, através da inculcação deliberada tanto de meu pai quanto de meu primeiro tutor, de certos dados que permitiram o desenvolvimento em minha individualidade, na época de minha idade responsável, dentre outros traços muito originais e inerentes, desse traço original do impulso e busca ardente inevitáveis por entender a própria essência de qualquer objeto que atraía minha atenção para fora do ordinário, começou a se formar em meus pensamentos, gradualmente e até mesmo de uma maneira imperceptível para minha consciência desperta, o “algo”, que assumiu uma definição logo depois de uma forte tribulação espiritual causada pela morte de um amigo intimo, e esse dado recentemente formado de minha mente começou desde então, sob o contato com a assim chamada “laura-cognitiva”, o produto usualmente de repetição freqüente de certas associações definidas e automaticamente correntes na mente do homem, a engendrar em minha totalidade o que eu nomeei em outro lugar de uma “irrepressível busca árdua”.


Primeiramente, a manifestação desse estranho “ fator psíquico” influenciou apenas minha atividade mental, mas não desordenou-me como um todo, isto é, os efeitos dessa manifestação não impediram o funcionamento estabelecido nem de meu organismo físico, com seu sistema psico-nervoso, ou do espirito, no puro sentido da palavra, e eu podia, mesmo em períodos de resistência pronunciada à influencia dessa manifestação, por um esforço de vontade ou por um estimulo artificial das associações mentais e emotivas procedentes dentro de mim, afim de controla-las para impedir, por assim dizer, a “alimentação” dessa manifestação, e, dessa maneira, deter a possibilidade da continuação da formação de tais impulsos indesejáveis na minha totalidade.


Um pouco depois, acerca do princípio dele em meus pensamentos frequentemente e discutindo essa minha “idéia fixa” com “algo” , e como um resultado óbvio de meu encontro com numerosas pessoas, com as quais eu formei, em minha consciência ainda não “subjetivizada”, e graças às opiniões amplamente difundidas de certas grandes autoridades no que diz respeito a essas assim chamadas questões de “sabichonices”, certas impressões precisas automaticamente influenciando minha psique geral e como, no curso da discussão com essas autoridades, como eu represento isso para mim mesmo agora, reviveu em mim um sentimento da total seriedade e profundidade dessas questões, as conseqüências e o “significado” real das manifestações peculiares a esse busca extraordinário gradualmente começaram a se fazerem sentir em todas as partes cuja totalidade coincidia com meu Ser e, às vezes. até mesmo a influenciar o seu funcionamento geral, isto é, numa palavra, a penetrar no "tutano-de-meus-ossos.”
O grau de fusão com o meu Ser e a influência dominante sobre minha psique desse fator peculiar eram tais, que, após quatro ou cinco anos, eu caí completamente sob seu poder, e desde então, como uma "coceira urticante”, constantemente compeliu a totalidade de mim ou as partes separadas da minha individualidade geral, custe o que custar, a esclarecer tudo para a cognição de todas as coisas que podiam servir para a solução final dessas, para mim, questões cardeais.
Tendo tornado-me em minha vida interior, no sentido pleno da palavra, um escravo de tal "meta", obviamente instilada pela Vontade do Destino em minha totalidade, a partir desse momento, em primeiro lugar compelido apenas por isso, e logo depois também estimulado muitas vezes por minha própria consciência, eu vivi absorvido nessas pesquisas até o ano de 1892.


Essa auto-estimulação acima mencionada por meio de minha consciência começou a ter lugar em mim como um resultado de experimentar em todo o meu ser um sentimento peculiar, uma mistura de "auto-satisfação" e "orgulho'', que surgia em mim todas as vezes que eu fazia verificações acidentais ou meio-previstas no curso de minhas investigações seguintes, de fatos sempre novos sobre a vida das pessoas em geral, fatos sobre os quais a existência eu nunca tinha encontrado nenhuma pista, quer na vida diária ou em minhas leituras, embora eu tivesse lido quase tudo existente sobre essas questões na literatura contemporânea, bem como todo o material do passado que sobreviveu até nossos dias - uma literatura acessível a mim por causa de circunstâncias absolutamente acidentais da minha vida em uma quantidade muito além das possibilidades habituais do homem comum.


Até esse ano eu não tive êxito em descobrir coisa alguma, em lugar algum ou de alguém, que pudesse lógica e harmoniosamente jogar luz sobre nem mesmo um aspecto dessa questão, apesar de que, primeiramente, um fator de inquietação que me lembrava automaticamente do objetivo que eu tinha me colocado estava persistentemente ativo em meu Ser em quase todos os estados psíquicos, em segundo lugar, a Grande Natureza tinha benevolamente fornecido a toda a minha família e a mim em particular - e isso não só em minha opinião, mas na de um grande número de pessoas com quem eu entrei em contato - com o mais alto grau de compreensão atingível pelo homem; em terceiro lugar, desde a infância eu tinha, entre outros recursos, um especialmente desenvolvido, - o de extrair das pessoas suas intenções e objetivos mais sagrados, e em quarto lugar, eu tinha, de acordo com as condições peculiares da minha vida, a possibilidade de obter acesso ao chamado "sagrado dos sagrados," de quase todas as organizações herméticas, tais como religiosas, filosóficas, ocultas, sociedades políticas e místicas, congregações, partidos, uniões, etc, que eram inacessíveis ao homem comum, e de discutir e trocar impressões com inúmeras pessoas que, em comparação com os outras, são reais autoridades.
Embora eu não tivesse tido sucesso até esse período em elucidar coisa alguma, eu nunca perdi a esperança de que em algum lugar, e em algum momento, eu deveria finalmente conhecer pessoas que me explicariam, ou pelo menos dirigiriam meu estado de espírito aos pensamentos e considerações correspondentes, que me ajudariam a resolver por mim mesmo de forma clara e satisfatória essa questão, para mim, fatídica.


Vivendo dessa forma até aquele ano, ou seja, absorvendo todas as impressões externas e experimentando-nas interiormente em relação quase que exclusivamente com essa minha mania, e externamente ocupando-me com todos os tipos de profissões e trabalhos manuais com a finalidade, por um lado, de obter meios de subsistência e, por outro, de dominar, de acordo com a capacidade inerente em mim desde a infância, todos os tipos possíveis de ofício humano ainda desconhecidos para mim, mas principalmente para a finalidade de adaptar-me de uma forma mais ou menos correspondente às condições peculiares do momento, condições que eu freqüentemente alterava, a fim de realizar esse meu objetivo interior, eu cheguei então, no ano acima mencionado, à conclusão definitiva de que seria totalmente impossível encontrar o que eu estava procurando entre os meus contemporâneos e, portanto, decidi um dia abandonar tudo e retirar-me em completo isolamento por um tempo determinado, longe de todas as manifestações do mundo exterior, e empenhar-me por meio de reflexões ativas para atingir isso eu mesmo ou pensar em alguns novos caminhos para minhas pesquisas férteis.


Isso aconteceu durante minha estada na Ásia Central, quando, graças à introdução de um barbeiro de rua, o qual encontrei acidentalmente e de quem tornei-me um grande amigo, aconteceu de eu ter acesso a um monastério conhecido entre os seguidores da religião maometana e eu aproveitei-me da hospitalidade dos bons irmãos.
Certa vez, após uma conversa com alguns dos irmãos desse monastério sobre a natureza e a qualidade da fé humana, e as conseqüências da ação de seu impulso no homem, eu, sob a influência desse discurso, fiquei ainda mais convencido de que deveria apoiar-me em minha decisão e tomar proveito imediatamente daquela oportunidade nesse próprio mosteiro.
Retirando-me em isolamento naquela mesma noite, coloquei-me no estado necessário e comecei a meditar seriamente sobre minha situação e minha futura conduta.


Seguindo o necessário e, para mim, já familiar método costumeiro a todos os iniciados naquele ramo da ciência antiga chamado de "as-leis-da-contemplação", que consistia, naquele dado caso, principalmente na lembrança e revisão de todas as convicções categóricas já existentes sobre esse assunto; comecei a confrontar os diferentes fatos que eu pessoalmente tinha concebido totalmente com todos os tipos de hipóteses e conjecturas que tinha ouvido de diferentes pessoas de autoridade que, em comparação com as outras, eram possuidores de conhecimento muito elevado, e também tinham atingido um estado de ser correspondente a esse conhecimento.
Como resultado da execução desse método por três dias, enquanto eu não chegava a nenhuma conclusão definitiva, ainda assim fiquei clara e absolutamente convencido de que as respostas pelas quais eu estava procurando, e que em sua totalidade, podiam lançar luz sobre essa minha questão cardinal, só podiam ser encontradas, se de fato fossem acessíveis ao homem, na esfera da "atividade-mental-subconsciente-do-homem".
Depois fiquei firmemente convencido também que, para esse fim, era indispensável para mim aperfeiçoar meus conhecimentos de todos os detalhes da formação, bem como do mecanismo da manifestação da psique do homem em geral.


Chegando a essa conclusão categórica, comecei novamente, durante vários dias e na minha maneira habitual, a pensar e pensar quase ininterruptamente sobre o que deveria ser feito para criar as condições materiais adequadas e satisfatórias que tornassem possível o estudo de um problema tão inesperado.
Ainda completamente um escravo dessas deliberações, deixei o monastério e retomei novamente minhas andanças, desta vez sem nenhum plano de ação definido.
Durante essas minhas peregrinações ininterruptas de lugar em lugar, e quase contínua reflexão intensa sobre isso, eu finalmente formei um plano preliminar em minha mente.
Liquidando todos os meus negócios e mobilizando todas as minhas possibilidades materiais e de todo tipo, comecei a coletar todos os tipos de literatura escrita e de informações orais, que ainda sobreviviam entre certos povos asiáticos, sobre esse ramo da ciência, que era altamente desenvolvido em tempos antigos e chamava "Mehkeness'', um nome que significa ''tirar-a-responsabilidade”, e da qual a civilização contemporânea sabe apenas uma parcela insignificante sob o nome de "hipnotismo", enquanto que tudo existente na literatura sobre o assunto já era tão familiar para mim como meus próprios cinco dedos.
Coletando tudo o que pude, fui para um certo monastério de Dervixes, situado também na Ásia Central, e onde já tinha estado antes, e, estabelecendo-me ali, dediquei-me inteiramente ao estudo do material em minha posse.


Após dois anos de estudo teórico aprofundado desse ramo da ciência, quando tornou-se necessário verificar de forma prática certos detalhes indispensáveis, ainda não suficientemente elucidados por mim em teoria, do mecanismo de funcionamento da esfera subconsciente do homem, comecei a me passar por “curandeiro" de todos os tipos de vícios e a aplicar os resultados de meus estudos teóricos a eles, dando-lhes ao mesmo tempo, é claro, alívio real.
Essa continuou a ser a minha preocupação e manifestação exclusiva por quatro ou cinco anos, de acordo com o juramento essencial imposto por minha tarefa, que consistia na prestação de ajuda conscienciosa aos que sofriam, de jamais usar meus conhecimentos e poderes práticos nesse domínio da ciência, exceto para a causa de minhas investigações, e nunca para fins pessoais ou egoístas, eu não apenas cheguei à resultados práticos sem precedentes, sem igual em nossos dias, mas também elucidei quase tudo necessário para mim.
Em pouco tempo, descobri muitos detalhes que podiam contribuir para a solução da mesmo questão primordial, assim como muitos fatos secundários, cuja existência eu mal tinha suspeitado.
Ao mesmo tempo, também fiquei convencido de que o maior número dos pequenos detalhes necessários para a elucidação definitiva dessa questão deveria ser procurado não só na esfera da atividade mental subconsciente do homem, mas em vários aspectos das manifestações do seu estado de consciência desperta.


Depois de estabelecer isso definitivamente, pensamentos começaram novamente de tempos em tempos a "enxamear" em minha mente, como haviam feito anos atrás, por vezes automaticamente, por vezes dirigidos por minha consciência, - pensamentos quanto aos meios de adaptar-me agora às condições de vida comum no que dizia respeito a mim, com vista a elucidar definitiva e infalivelmente essa questão que, obviamente, tinha se tornado uma parte duradoura e inseparável do meu ser.
Dessa vez, as minhas reflexões, que recorriam periodicamente durante os dois anos de minhas andanças nos continentes da Ásia, Europa e África, resultaram em uma decisão de fazer uso do meu excepcional, para o homem moderno, conhecimento das chamadas "ciências sobrenaturais", bem como da minha habilidade em produzir diferentes "truques" no reino dessas supostas “ciências", e apresentar-me como sendo, nestes domínios pseudo-científicos, um suposto “instrutor-professor ".
Deve ser dito que a principal razão para essa decisão foi a minha percepção do fato de que, naquela época, havia, entre os homens, uma psicose específica amplamente predominante que, como tem sido há muito estabelecido, alcança um alto grau periodicamente e é manifestada por pessoas que se entregam a várias idéias"lamentáveis" nessas áreas de conhecimento quase-humanos, que, em épocas diferentes, assumem nomes diferentes, e que hoje são chamadas de "ocultismo", “Teosofismo"," espiritismo ", etc


A partir do momento dessa decisão dirigi todas as minhas capacidades e atenção para entrar em contato com pessoas que pertenciam a uma ou outra dessas vastas organizações, onde as pessoas se reuniam numa tentativa de alcançar certos resultados específicos ao estudarem uma espécie ou outra das “ciências” supra mencionadas.
As circunstâncias decorrentes da minha vida eram tão favoráveis para mim que, dentro de seis meses, eu não apenas consegui entrar em contato com um grande número dessas pessoas, como também ser aceito como um "especialista" bem conhecido e guia em evocar os supostos "fenômenos-do-além" em um grande círculo, como chamam-no.
Depois que fiquei "ambientado" à minha nova ocupação, minha reputação entre todos os membros do “círculo"citado, e mesmo entre suas famílias tornou-se a de um grande “maestro” em tudo que compunha o conhecimento sobrenatural. Na época dessas supostas "manipulações" no reino do além, que eu realizava na presença de um grande número de membros de um dos numerosas, difundidos, naquele momento assim como hoje na Terra, "workshops-para-o-aperfeiçoamento-do-psicopatismo", um nome que eu agora abertamente os chamo, comecei a observar e estudar várias manifestações no estado de vigília da psique dessas "cobaias" treinadas e que movimentavam-se livremente, que me foram concedidas pelo Destino para meus experimentos. Embora no início do terceiro ano desta atividade eu já tivesse adquirido uma sólida autoridade entre os membros de três grandes "Workshops" independentes desse tipo, através dos quais obtive uma grande quantidade de material para as minhas observações, e apesar do fato de que eu podia ter tido o número que eu quisesse, fui obrigado a abandonar-lhes todos e realizar a organização do meu próprio “círculo” sob princípios totalmente novos, com uma equipe de pessoas escolhida especialmente por mim.


Decidi fazer isso principalmente porque, encontrando naquele momento um grande número de pessoas que geralmente compunham esses círculos, eu tinha esclarecido e estabelecido o fato de que em tais sociedades reuniam-se geralmente pessoas de três ou quatro "tipos" definidos, enquanto que era necessário para mim - a fim de observar as manifestações da psique do homem em seu estado de vigília - ter à minha disposição representantes de todas as 28 "categorias-de-tipos" existentes na Terra, como foram estabelecidas na antiguidade.
Colocando esse plano em execução, com esforço enorme e quase sobre-humano, e com, naturalmente, despesas muito pesadas, eu organizei, em diferentes cidades, três pequenos grupos de pessoas dos mais variados tipos que pude agrupar no curso de três anos.
Durante o segundo ano de existência desses grupos organizados por mim, percebendo que, nas condições vigentes, eu não seria capaz de ter à minha disposição, por um período longo o suficiente para as minhas observações, os representantes de todos os tipos, e ao mesmo tempo continuando a dirigir a esses grupos, por um lado, observando e estudando o material já disponível, e, por outro, satisfazendo o mais conscienciosamente possível aqueles em cuja psique a paixão da curiosidade estava profundamente enraizada, e imparcialmente destruindo naqueles outros, nos quais a predisposição própria a todos os homens de conquistar um Ser real ainda não estava atrofiada, todas as suas antigas ilusões e ideais errôneos, desta forma preparando, em todos os eventos, possíveis assistentes para mim no futuro, eu comecei periodicamente a ponderar novamente a fim de encontrar ainda a possibilidade de criar tais condições que permitissem-me por fim satisfazer essa extraordinária e acidentalmente despertada necessidade minha. Essas deliberações periódicas finalmente me levaram a fundar o Instituto, que mais tarde existiu sob o nome de
"Instituto-Para-o-Desenvolvimento-Harmoniosos-do-Homem-de-acordo-com-o-sistema-de-G. Gurdjieff".


A “tela ", por assim dizer, que serviu de pano de fundo para essa decisão foi a consideração de que, com uma organização pública tão amplamente planejada, abrangendo, como fazia, quase todos os interesses da vida contemporânea, eu certamente reuniria - além dos tipos que eu tinha principalmente encontrado antes - todos os outros tipos de pessoas previamente ausentes para as minhas observações.
Estabelecendo neste livreto os motivos para a minha decisão naquele momento, baseada como foi sobre impulsos interiores sinceros e imparciais, eu considero que é necessário falar das associações mentais e emotivas que fluindo através da totalidade de mim e que, em sua soma total, deram origem a essa decisão, que estavam em completa harmonia com a minha consciência.
No final de todas as minhas reflexões naquele momento, das quais como um resultado eu tinha por fim decidido firmemente organizar tal Instituto público, quando surgiu em minha totalidade, então, como sempre tem acontecido em casos semelhantes, aquele estranho impulso que é próprio da minha individualidade peculiar e que automaticamente me obriga a considerar sempre cada nova tarefa na vida, também do ponto de vista da "justiça objetiva", meus raciocínios comigo mesmo foram os seguintes:


Fazer uso de pessoas, que apresentam um interesse especial em um Instituto fundado por mim, para fins puramente pessoais certamente atingiria àqueles ao meu redor como uma manifestação de ''egoísmo'', mas ao mesmo tempo, as pessoas que tinham alguma coisa a ver com um Instituto desse tipo criado por mim, aqueles, a saber, a quem eu já mencionei e nos quais a predisposição apropriada a todos os homens – essa de adquirir dados e de preparar no seu ser o solo para o impulso da "consciência objetiva" e para a formação da chamada "prudência essencial" - ainda não tinha totalmente se atrofiado, poderiam, dessa forma apenas, lucrar com os resultados do conhecimento acumulado por mim devido às circunstâncias excepcionais de minha vida, e que dizia respeito a quase todos os aspectos da realidade e da verdade objetiva e, portanto, usá-los para seu próprio benefício.
Quanto à localização desse Instituto, eu decidi, depois de muita deliberação e após ter levado em conta as atuais circunstâncias da vida cotidiana e as facilidades de intercâmbio com outras nações, tão essenciais para mim, que o lugar mais adequado seria a Rússia, que naquele tempo era pacífica, tranqüila e rica.
Chegando a essa decisão final, comecei imediatamente a liquidar meus "negócios" correntes, que estavam dispersos por vários países na Ásia, e coletando toda a riqueza que eu tinha acumulado durante minha longa vida, que foi excepcionalmente laboriosa para um homem moderno, eu vim e me estabeleci no coração da Rússia, na cidade de Moscou. Isso ocorreu dois anos antes da assim chamada "Grande Guerra Mundial".


Neste livreto não direi mais nada sobre esse Instituto que fundei primeiramente na Rússia, onde os eventos inesperados e catastróficos da Guerra Mundial destruíram-no no auge de suas primeiras atividades e com ele todos os resultados até então obtidos. Não vou descrever também as "peripécias" que se seguiram ou as tentativas de organizar tal Instituto novamente em várias outras cidades da Rússia, bem como em outros países, tentativas que em seu total não deram em nada por causa de todas as várias consequências da Guerra e cada uma acompanhada de uma "trombada" que envolvia enorme perda material e outros tipos de perdas; e sobre seu bem sucedido estabelecimento fundamental sete anos depois na nobre França, onde ele existiu sem obstáculos até sua liquidação geral após o meu grave acidente automobilístico.
Não vou falar sobre esses eventos e todas as consequências decorrentes deles, porque eu já os descrevi em suficiente detalhe, em parte no terceiro livro da segunda série de meus escritos, e, em parte no primeiro livro da terceira série.
Do material que refere-se a esse Instituto então fundado por mim, vou agora citar apenas algumas passagens do “prospecto” anunciando a abertura deste Instituto.


Gostaria de citar essas passagens principalmente porque, como claramente entendi mais tarde ao familiarizar-me com a vida do povo europeu, este prospecto, embora distribuído por toda parte em grande número, ainda permanece desconhecido para a maioria dos Europeus. E a maioria não teve nem mesmo a oportunidade de se familiarizar com ele porque, na minha opinião, o meu trabalho e minhas idéias muito interessavam, desde o início, tais pessoas que já estavam no mais alto grau ''possuídas" pela já mencionada "psicose específica" e por conseguinte eram conhecidas por aqueles em torno deles como sendo preocupados com todo tipo de “absurdo", também conhecidos com os nomes de "ocultismo", “teosofismo", "Antroposofia", “psicanálise" e assim por diante, e quando alguém, que ainda não tinham ficado sob a influência de tais "absurdos", entrava em contato com algo que tocasse minha atividade e descobria que o Sr. fulano de tal estava muito interessado nessa atividade, imediatamente surgia em sua psique aquele “algo", que é próprio da psique do homem em sua vida coletiva e que foi registrado há muito tempo por nossos antepassados e chamado de "amortecedor-do preconceito".
Vou começar citando a parte do prospecto que fornece, dentre outras coisas, uma avaliação da educação do homem na civilização contemporânea. Ele diz:



“O homem contemporâneo, devido a certas condições quase imperceptíveis da vida cotidiana que estão firmemente enraizadas na civilização moderna e que parecem ter se tornado, por assim dizer, "inevitáveis" na vida diária, gradualmente desviou-se do tipo natural que ele deveria ter representado por conta da soma total de influências do lugar e do meio em que ele nasceu e foi criado e que, em condições normais, sem impedimentos artificiais, teriam indicado para cada indivíduo, pela sua própria natureza, o caminho legítimo de seu desenvolvimento naquele tipo final normal que ele deveria tornar-se ainda em sua idade preparatória.
Hoje, a civilização, com seu alcance ilimitado em estender sua influência, tem arrancado o homem das condições normais em que ele deveria estar vivendo.
É verdade, naturalmente, que a civilização moderna abriu horizontes novos e vastos para o homem em diferentes, assim chamadas, "ciências'' técnicas, mecânicas e muitas outras, ampliando assim sua percepção do mundo, mas a civilização, em vez de um aumento equilibrado para um maior grau de desenvolvimento, desenvolveu somente certos lados do ser geral dele em detrimento de outros, enquanto que, por causa da ausência de uma educação harmoniosa, certas faculdades inerentes ao homem até mesmo foram totalmente destruídas, privando-o dessa forma dos privilégios naturais de seu tipo. Em outras palavras, por não educar a geração vindoura de forma harmoniosa, esta civilização, que deveria ter sido, de acordo com o senso comum, em todos os aspectos como uma boa mãe para o homem, retirou dele o que ela deveria ter lhe dado; e, parece que ela até mesmo tomou dele a possibilidade do desenvolvimento progressivo e equilibrado de um novo tipo, desenvolvimento que teria inevitavelmente acontecido apenas no curso do tempo e de acordo com a lei do progresso humano geral. Disso segue o fato incontestável, que pode ser claramente estabelecido, que, em vez de um tipo individual concluído, que os dados históricos mostram o homem ter sido há alguns séculos atrás e, normalmente, em comunhão com a Natureza e o meio ambiente que o gera, desenvolveu-se em vez disso, um ser que foi arrancado do solo, impróprio para a vida, e um estranho a todas as condições normais de existência.
Um dos resultados mais perniciosos de uma educação unilateral é que as percepções e manifestações do homem moderno, que tornam-se finalmente formadas na idade responsável, não são a expressão consciente de seu Ser como um todo completo, mas representam apenas os resultados de reflexos automáticos de uma ou outra parte de sua totalidade geral. A psique geral do homem moderno é dividida em três "entidades", por assim dizer, completamente independentes, que não têm relação entre si e que são separadas, tanto em suas funções como em suas manifestações, enquanto que, de acordo com dados históricos, essas três fontes formavam, na maioria das pessoas, mesmo no tempo da civilização Babilônica, um todo indivisível, que parecia ser de uma só vez um repositório comum de todas as suas percepções e o Centro radiador de suas manifestações.
Devido a esta educação unilateral do homem moderno, na chegada da sua maioridade, essas três fontes totalmente independentes ou centros de sua vida, isto é, em primeiro lugar, a fonte de sua vida “intelectual”, em segundo, a fonte de sua vida "emocional", e, em terceiro lugar, o seu instinto, ou centro "motor", em vez se fundirem interiormente de uma forma normal para produzir manifestações exteriores comuns, tornaram-se funções exteriores completamente independentes, especialmente recentemente, e não apenas os métodos de educação dessas funções, mas também a qualidade de suas manifestações, tornaram-se dependentes de condições exteriores subjetivas especiais.
De acordo com as deduções com base em experimentos detalhados feitos pelo próprio Sr. Gurdjieff, assim como os de muitas outras pessoas que têm pensado seriamente sobre essa questão, cada percepção e manifestação realmente consciente do homem pode resultar somente do trabalho simultâneo e coordenado das três fontes supracitadas, que compõem a sua individualidade geral, e cada qual deve desempenhar o seu papel, isto é, fornecer a sua própria quota de associações e de experiências. A realização completa da manifestação necessária e normal, em cada caso distinto só é possível mediante a coordenação da atividade de todas essas três fontes.
No homem moderno, em parte devido à sua educação anormal durante sua idade preparatória, e, em parte graças às influências vindas de certas causas das condições anormais da vida moderna estabelecidas geralmente, o trabalho de seus centros psíquicos durante sua idade responsável está quase inteiramente desconectado, portanto, suas funções, intelectual, emocional e instintivo motora não servem como um complemento natural e corretivo umas para as outras, mas, pelo contrário, viajam por estradas diferentes, que raramente se encontram e por essa razão permitem muito pouco tempo livre para obter aquilo, que deveria na realidade ser entendido pela palavra "consciência", erroneamente utilizada hoje pelas pessoas modernas.
Como resultado da falta de atividade coordenada por parte das três partes separadamente formadas e independentemente educadas da psique geral do homem, veio a acontecer que um homem moderno representa três homens diferentes em um único indivíduo; o primeiro dos quais pensa em completo isolamento das outras partes, o segundo meramente sente e o terceiro age apenas automaticamente, de acordo com os reflexos estabelecidos ou acidentais de suas funções orgânicas.
Esses três homens em um, em conformidade com a previsão da Grande Natureza, deveriam representar em conjunto na idade responsável, um homem como ele devia ser: "homem-sem-aspas", isto é, o homem real. Esses três, que foram deliberadamente moldados pela Grande Natureza para compor um todo completo, como conseqüência de não assumirem no momento certo o hábito de compreensão e ajuda mútua, por culpa dos próprios homens e de sua falsa educação, produz esse resultado que, no período de manifestações responsáveis do homem moderno, eles não só não ajudam uns ao outros, mas são, pelo contrário, automaticamente obrigados a frustrar os planos e intenções uns dos outros; além disso, cada um deles, dominando os outros em momentos de ação intensa, parece ser o dono da situação, dessa forma falsamente assumindo as responsabilidades do “eu” real.
Essa percepção da atividade desconectada e conflitante dos centros de origem, que deveriam representar a psique do homem e, ao mesmo tempo, da completa ausência mesmo de uma concepção teórica do caráter indispensável de uma educação correspondente a essas partes distintas, relativamente independentes, deixando de lado a ignorância de sua aplicação prática, deve conduz inevitavelmente à conclusão de que o homem não é senhor nem mesmo de si próprio.
Ele não pode ser senhor de si mesmo, pois ele não apenas não controla esses centros, que deveriam funcionar em completa subordinação de sua consciência, mas ele nem mesmo sabe qual de seus centros governa a todos.
O sistema aplicado no Instituto para o Desenvolvimento Harmonioso do Homem para observar as atividades psíquicas humanas demonstra claramente que o homem moderno nunca age por vontade própria, mas apenas manifesta ações estimuladas por irritações externas.
O homem moderno não pensa, mas algo pensa por ele; ele não age, mas algo age através dele; ele não cria, mas algo é criado através ele; ele não conquista, mas algo é conquistado através dele.Em um recém-nascido essas três partes diferentes da psique humana geral podem ser comparadas a um sistema de rolos de gramofone em branco sobre o qual começa a ser gravado, a partir da data de seu aparecimento no mundo, o significado externo dos objetos e o entendimento subjetivo de seu significado interior, ou o sentido dos resultados de todas as ações que ocorrem no mundo exterior, assim como no mundo interior que já se formam nele, tudo isso é gravado de acordo com a correspondência entre a natureza dessas ações e a natureza desses sistemas distintos que se formam no homem.
Todos os tipos desses resultados registrados de ações circundantes permanecem inalterados em cada um desses "rolos depositários" para a vida, na mesma seqüência e na mesma correlação com as impressões previamente registradas, em que são percebidas.
Todas as impressões registradas nessas três partes relativamente independentes, que compõem a psique geral do homem, mais tarde produzem, no período da idade responsável, todos os tipos de associações em diversas combinações.
Isso que é chamado de ''razão” no homem, bem como em todas as outras formas externas de vida, nada mais é do que a concentração dos resultados das impressões de qualidade diferente anteriormente percebidas, e a estimulação e repetição delas provoca diferentes tipos de associações no ser.As impressões registradas têm três fontes de origem, e estão sujeitas a três diferentes influências de acordo com a lei. Uma categoria de associações é formada por impressões percebidas involuntariamente e vindas diretamente do mundo exterior, bem como brotando a partir do mundo interior do homem, como um resultado de certas associações anteriores constantes e repetidas automaticamente.
A segunda categoria é formada por impressões percebidas voluntariamente sejam surgidas do mundo externo, ou, cristalizadas no mundo interior do homem por meio de pensamento ativo deliberado e verificações da realidade.
E a terceira categoria se origina exclusivamente do processo chamado de "contemplação-transformada", isto é, a partir da confrontação de impressões homogêneas de todas as origens, que já foram fixadas, enquanto é mantido um contato continuo entre seus centros internos e separados.
O depósito na totalidade do homem das três categorias distintas de impressões, acima enumeradas, para as manifestações subseqüentes da psique geral do homem confirma, entre outras coisas, a diversidade real dos três estados determinados da consciência do homem e define a sua qualidade e importância.
Através dos métodos do Instituto Para o Desenvolvimento Harmonioso do Homem pode-se muito claramente, e sem a menor dúvida, estabelecer que a consciência do homem é composta de três capacidades definidas de manifestação, e essas capacidades são formadas de e são determinadas pelas associações de impressões que têm sua origem em uma das três categorias acima mencionadas.
Um dos três estados de consciência, que, no sentido objetivo, é considerado o mais elevado e mais desejável para o homem, repousa exclusivamente sobre as associações de impressões anteriormente percebidas de terceira categoria apenas.O segundo estado de consciência é composto de associações de impressões de segunda ordem mencionada acima, ou seja, daquelas voluntariamente percebidas.
Ao terceiro estado da consciência humana pode ser atribuído, sem qualquer dificuldade, o tipo de consciência para o qual o homem moderno, no seu desejo de enfatizar sua importância e nunca duvidar da veracidade de sua denominação, adotou a expressão de "estado-desperto-de-consciência".
Esse estado de consciência, que o homem moderno classifica como o mais elevado, tem, de acordo com elucidações experimentais cientificamente organizadas e cuidadosamente verificadas, provado ser o produto das impressões constantemente repetidas, involuntária e acidentalmente percebidas, bem como criadas artificialmente e "aprendidas-de-cor".
A maioria das pessoas hoje em dia, como conseqüência das condições continuamente deteriorantes de sua existência normal, se acostumaram a dar prioridade a essa consciência, que é alcançada pelas impressões recém mencionadas, isto é, pelas percepções involuntárias, "aprendidas-de-cor", de impressões acidentais recebidas de nosso ambiente.
No homem que alcança seu maior grau de consciência por meio de associações, compostas de impressões do primeiro tipo, os processos de imaginação, memória, julgamento, raciocínio e pensamento, não são mais do que uma cristalização automática, resultante de seus supostos "esforços concentrados", processo que ele nomeia com o impressivo nome "atenção", enquanto que essas impressões já cristalizadas e automaticamente percebidas, e todas as manifestações citadas, nada mais são do que o resultado de impressões acidentais e anteriormente repetidas, em outras palavras, todos os processos do mundo interior desse homem são apenas uma revisão automática em várias combinações das freqüentes experiências repetidas de, por assim dizer, impressões "obsoletas". E as manifestações desse homem na vida cotidiana, todos os seus impulsos, pensamentos, sentimentos, palavras, convicções, crenças e ações, são constituídos exclusivamente do material de tais impressões em suas várias combinações, cristalizadas na totalidade dele.E essas combinações são formadas sob a influência de choques casuais que colocam em movimento mais ou menos intensivamente um ou outro grupo de impressões anteriormente percebidas, que, no dado caso, se tornam o centro das associações.
Cada novo choque, ou um choque de um grau diferente de intensidade, evoca ainda uma outra associação e, conseqüentemente, uma outra linha de pensamento, sentimento, ação, etc., e nenhum centro no possuidor de tal consciência pode acrescentar coisa alguma própria de si ou nada de novo para as combinações assim formadas, nem pode o centro, mesmo quando atua no seu momento de maior intensidade, extrair o material formado em outros centros.
Daqui resulta que, como a percepção do mundo do possuidor de tal consciência está sempre vindo apenas através de uma parte dele, ou, em outras palavras, como o possuidor de tal consciência tem três processos diferentes de percepção, que têm muito pouco em comum ou por acaso associado apenas parcialmente, cada uma de suas decisões, como o produto de uma parte apenas de sua psique e expressões de uma parte do material à sua disposição, é invariavelmente unilateral e, como conseqüência, necessariamente errônea.
A partir do que acabou de ser dito, deve ser óbvio para qualquer pessoa que pensa de maneira sã que a primeira tarefa necessária para a verdadeira educação do homem é desenvolver em cada centro separadamente formado a necessidade natural de misturar simultaneamente as funções de uma parte com as outras, a fim de que as manifestações dessas três partes, formadas separadamente de acordo com as leis da natureza na psique geral do homem, e que inevitavelmente demandam uma educação separada, possam ser harmoniosamente unidas, e possam, no período da vida responsável, trabalhar em conjunto de acordo com suas capacidades normais. Somente essa atitude na preparação do homem para a vida responsável pode trazer as fontes diferentes que compõem a psique geral do homem a um mesmo nível de manifestação, sendo que só então as três principais rodas da máquina humana trabalharão sem problemas, sem obstáculos ao seu trabalho mútuo e renderam o mais alto grau de produtividade no seu funcionamento separado, bem como na obtenção daquele nível de consciência atingível pelo homem, mas que o homem nunca atinge sob condições normais.
Levando em consideração que o grau de desenvolvimento em cada indivíduo de cada parte de sua individualidade total difere, e que suas associações diferem igualmente, somos forçados a concluir que o trabalho de educar e reeducar cada pessoa deve ser estritamente individual e não pode ser de outra forma.
Todas as falhas no funcionamento da máquina humana, devido às condições de vida ordinária, aumentam com o tempo, e os eventuais reparos da máquina em funcionamento só podem ser obtidos através de uma luta constante e determinada contra todos os defeitos resultantes.
Com base nos assim chamados "materiais experimentais" transmitidos do passado, juntamente com as numerosas elucidações feitas hoje pelo Instituto para o Desenvolvimento Harmonioso do Homem, já está categoricamente estabelecido que o homem é incapaz de levar a cabo por si próprio a luta mencionada. Novamente, não irá ajudá-lo trabalhar sobre si mesmo por qualquer um dos vários métodos de auto-desenvolvimento e auto-treinamento, que ultimamente tem se tornado comuns no mundo e que recomendam métodos e processos definidos, tais como vários exercícios físicos, exercícios de meditação e concentração, exercícios respiratórios, vários sistemas de dieta, jejum, etc., para todos e todos os tipos.
Aplicar tais métodos a todos, sem levar em conta as necessidades individuais e peculiaridades, não é apenas inútil, mas pode até mesmo tornar-se perigoso; pois tentativas ignorantes de reparar a máquina, ao efetuar algumas alterações, inevitavelmente, causam alterações diferentes e desnecessárias, que uma pessoa inexperiente e ignorante não pode prever nem evitar. Devemos sempre estar cientes de que a máquina humana, seja funcionando de maneira regular ou irregular, está em si mesma sempre em equilíbrio mecânico e, conseqüentemente, qualquer mudança em uma direção está fadada a trazer uma mudança em outra direção, e por isso é absolutamente essencial prever e contrariar essa situação.
A fim de evitar resultados indesejáveis e conseqüências inesperadas no trabalho sobre si mesmo, é necessário submeter-se à disciplina de métodos especiais e estritamente individuais, visando o desenvolvimento de "inércias'' novas e particulares, por meio das quais, sob a direção de um guia experiente, as antigas podem ser reguladas e alteradas, em outras palavras, é necessário desenvolver novas faculdades, que são inatingíveis na vida cotidiana e que o homem não pode desenvolver sozinho, nem com a ajuda de qualquer método geral.
Nisso precisamente consistem as principais características do método adotado pelo Instituto-para-o-Desenvolvimento-Harmoniosos-do-Homem-de acordo-com-o-sistema-de-G. Gurdjieff, que ele leva à descoberta de faculdades até então não desenvolvidas no homem, faculdades que são essenciais para sua vida responsável e relativamente normal.
Para essa finalidade, e mantendo em mente suas possibilidades verificadas, o programa do Instituto para o Desenvolvimento Harmonioso do homem inclui a aplicação prática de uma "linha-de-trabalho" especial, a partir do qual uma escolha cuidadosa de um tipo definido de trabalho é feita para cada pessoa, de acordo com suas capacidades individuais, - trabalho que corresponde com aquelas partes da sua psique anormalmente construídas, cuja atividade automática tem que ser desenvolvida ou reduzida. Para o mesmo fim, esse programa inclui uma seção médica, uma vez que para muitas pessoas, é necessário, antes de empreender o desenvolvimento de suas capacidades naturais, corrigir primeiro de tudo as desordens funcionais já existentes, sem o qual é impossível alcançar um trabalho produtivo que visa o desenvolvimento harmonioso desejado.
Tendo em mente o que foi dito, é preciso notar que todo o trabalho para o auto-aperfeiçoamento do homem pode ser útil apenas quando a direção está baseada num conhecimento profundo da natureza humana e está em estrita conformidade com a determinação individual das propriedades físicas e psíquicas da pessoa, bem como as circunstâncias e condições de sua vida externa no futuro, na medida em que podem ser previstas.
Portanto, correntes especiais são selecionadas dos temas incluídos no programa do Instituto e são adaptadas para as necessidades individuais de cada aluno.
O estudo, por métodos especiais, de diferentes ofícios, artesanatos, artes e ciências domésticas, está incluído no programa do Instituto.
Paralelo a isso, busca-se um estudo teórico aprofundado do homem e do mundo em todas as suas relações internas e de acordo com os dados da ciência Européia, bem como dos conhecimentos Asiáticos antigos.
Esse estudo, que exige a aplicação de métodos novos e inusitados de percepção e pensamento assiste, por um lado, o desenvolvimento das propriedades ocultas no homem e, por outro lado, contribui para o estabelecimento de um processo correto de pensamento e sentimento, bem como das ações automáticas necessárias.
O Instituto para o Desenvolvimento Harmonioso do Homem inclui, entre seus principais instrutores, especialistas em medicina, psicologia, fisiologia, ciências físico-matemáticas, artesanato e todos os tipos de exercícios físicos e psíquicos. Estes instrutores, além de serem treinados em suas áreas específicas, são totalmente iniciados naquele ramo da ciência cujos fragmentos sempre existiram na vida do homem, e que agora está sendo desenvolvida pelo Sr. Gurdjieff, com todas as alterações e aditamentos correspondentes com as circunstâncias particulares cristalizadas na vida contemporânea, e serve como a base para o seu Instituto.
O Instituto aceita adultos de ambos os sexos até 60 anos de idade e crianças acima de 4 anos de idade. As pessoas que entram no instituto são divididas em três categorias:
A primeira inclui pessoas objetivando o auto-desenvolvimento, de acordo com um programa especialmente elaborado para elas.
A segunda inclui as pessoas que buscam os métodos do Instituto com vistas a estudar um ou outro assunto de sua escolha; e também aquelas pessoas que procuram ser curadas pelos métodos do Instituto.
A terceira inclui apenas as pessoas que freqüentam somente as palestras gerais e estudam um assunto especial indicado para elas pelo Instituto *.
* Certos temas das palestras, bem como do programa prático são dadas apenas aos alunos da primeira categoria.As pessoas da primeira categoria, no futuro, como é previsto, serão divididas em três grupos, denominados:
1) O grupo Exotérico.
2) O grupo Mesotérico.

e 3) O grupo Esotérico.
Todos os alunos recém admitidos da primeira categoria pertencem no início ao grupo "Exotérico”; mais tarde, eles podem, de acordo com o mérito pessoal, passar para o grupo "Mesotérico” e, em seguida, novamente de acordo com o mérito e com o grau de "compreensão" passar para o grupo''Esotérico".
Só depois de passar por todos os três grupos eles podem ser iniciados, primeiro teoricamente, em seguida, de maneira prática, em todas as questões que são desconhecidas às pessoas comuns e que foram desvendadas pelo próprio Sr. Gurdjieff no curso da suas pesquisas especiais de quase meio século, bem como por um grupo de pessoas da mais alta cultura contemporânea que se dedicaram inteiramente à pesquisa da verdade objetiva.
Os da primeira categoria recebem, ao entrar no Instituto, instruções e indicações definidas somente após preencher completamente os parágrafos do chamado "registro individual", que é feito para cada pessoa separadamente. O material dado nesse "registro-individual" indicará as observações detalhadas das funções principais de seu organismo e as características específicas de cada assunto determinado cristalizado em sua individualidade, bem como o grau de atenção, memória, linguagem, senso de combinação, temperamento, a forma de seus reflexos físicos e psíquicos, olfato, paladar, audição, visão, reação às cores, qualidade de emanação, etc.
Os resultados dessas observações, juntamente com os diversos dados elucidados durante o mesmo período referentes às capacidades e inclinações de tal indivíduo e marcados no "registro-individual” serâo o "ponto de partida”, por assim dizer, para os instrutores estabelecerem um método de auto-desenvolvimento produtivo. Com base nos mesmos dados, a escolha dos assuntos a serem estudados será indicada, bem como um plano escalonado de trabalho psíquico especial, um modo correspondente da vida enquanto permanecer no Instituto e, em casos de doença, a cura necessária.
Uma atenção especial será dada aos indivíduos que apresentarem certos sintomas patológicos, tais como: fraqueza da vontade, "obstinação", preguiça, medos irracionais, uma sensação de fadiga constante, apatia, irritabilidade. Troca de substâncias irregular, obesidade ou exaustão, abuso de álcool, narcóticos, etc.
Foram instalados na seção principal do Instituto os mais modernos aparatos e instrumentos, a coleção mais rica do que qualquer outra que alguma vez já se ouviu falar na Terra, na forma de um agregado de gabinetes "físico-métricos", "químico-analíticos e ''psico-experimentais” dispostos em um local, que servem a requisitos de caráter geral e também à investigação independente feita pelos próprios alunos, para que eles possam verificar essas teorias e afirmações propostas nas palestras gerais que possam parecer duvidosas ou arbitrárias a eles.” Voltando ao assunto principal deste livro, gostaria de dizer em primeiro lugar, que este Instituto, após inúmeros ensaios, foi mais ou menos montado e finalmente estabelecido por mim na França em 1921, baseado nos princípios do prospecto acima referido. Mas não sobreviveu por muito tempo, não somente para minha grande tristeza, mas, como muitos, provavelmente, compreenderão, para a desgraça de todas as pessoas pensantes, pois, embora minha atividade seguisse à princípio, principalmente o que pode parecer como meu objetivo pessoal, eu previa muito em breve todo o benefício que ele poderia trazer para toda a humanidade, e pretendia desenvolve-la numa escala a fim de interessar e abraçar todo o, assim chamado, "mundo cujo pensar é são".
No auge da sua atividade, por causa do meu acidente automobilístico, já conhecido por muitos, e que me levou quase à morte, fui obrigado a liquidar não somente tudo preparado para a abertura das atividades, de 18 novas seções do Instituto em vários países, mas também tudo imediatamente conectado com a seção principal.De tudo o que já disse sobre isso, vou repetir, neste presente caso, apenas brevemente os principais motivos que me obrigaram naquele momento a começar a escrever e até mesmo a me tornar, finalmente, um escritor "padrão".
Alguns meses após o referido acidente automobilístico, quando eu, e todas as pessoas perto de mim, ficamos certos de que eu sobreviveria, e quando todas as antigas funções cristalizadas e o tempo estabelecido da intensa atividade de meu espírito começou, dia a dia, a se re-estabelecer mais e mais, enquanto meu corpo físico ainda permanecia completamente desamparado, dessa maneira produzindo desarmonia entre o estado do meu corpo e do meu espírito e fazendo-me muitas vezes experimentar sofrimentos morais, eu decidi encontrar para mim mesmo uma ocupação que desse a meus pensamentos outra direção e, assim, diminuísse esses sofrimentos morais.
Certa noite, enquanto estava ainda na cama e sofrendo de insônia, o que era habitual para mim naquele momento, agitado por associação e lembrando-me de um pensamento sobre um plano que, durante os últimos dois ou três meses, sempre me perturbado e, finalmente, até mesmo obcecou-me, e que deveria ter sido realizado no momento em que elaborei o esquema geral dos meios para atingir o referido objetivo fundamental de toda a minha vida, que incluía a intenção de difundir a essência de minhas idéias também por meio da literatura, e que falhou por conta da falta de fidedignidade e indolência viciosa das pessoas que eu tinha preparado especialmente durante muitos anos para essa finalidade específica, - de repente, ocorreu-me que não havia nenhuma razão para que eu não tirasse proveito da presente situação e não começasse a ditar o material para a realização desse objetivo.Consequentemente, continuando a refletir, eu finalmente decidi que agiria dessa forma.
Na noite seguinte pedi a uma das pessoas perto de mim para pegar um lápis e um caderno e anotar exatamente tudo o que eu ditasse.
Inicialmente, com o objetivo de difundir os diferentes aspectos de minhas idéias na forma de pequenos cenários apropriados para o teatro ou o cinema, no início eu ditei tais cenários, e comecei a "cozinhar" a cada dia um cenário novo e completo. Mencionarei apenas quatro dos vários cenários ditados por mim:




"O Cocainista".


“A Quiromancia da Bolsa de Valores".


"O Assassinato Inconsciente".


"Os Três Irmãos".




Para dar pelo menos uma idéia aproximada do caráter dessas, por assim dizer, pequenas "obras literárias", que ditei na ocasião, e que também se tornarão conhecidas pelo público no devido tempo, e os assuntos que formavam-se em minha mente sob a influência desta ou daquela impressão sobre os meus órgãos de percepção, que naquele período estavam particularmente sensíveis, acho que é suficiente falar aqui sobre um evento que me inspirou a expressar certos pensamentos derivados de minhas idéias, do último dos cenários acima mencionados, intitulado "Os Três Irmãos"
Algumas semanas depois de eu ter começado a ditar, quando essa nova ocupação não somente contribuía para pôr fim à concentração de meus pensamentos sobre o meu estado desesperado e da situação da qual eu não via nenhuma saída, mas logo assumiu o caráter de "não-ser-desperdiçada-com-entusiasmo", e, no final, resultou no restabelecimento das funções desarmonizadas do meu corpo físico, que prosseguia num ritmo acelerado, eu decidi, embora ainda não pudesse me mover sozinho, a fim de descansar do pensamento ativo e obter uma mudança geral de impressões, ir para Paris de carro, acompanhado por algumas das pessoas próximas a mim. Sentado com alguns amigos numa noite, durante uma dessas visitas, no Cafe de la Paix, em seguida, famoso para os estrangeiros, estávamos discutindo todos os tipos de questões.
Entre outras coisas foi mencionado um filme, popular na época, chamado "Dois Irmãos", e um dos meus companheiros sugeriu que deveríamos ir ver este filme famoso que estava sendo mostrado em um cinema montado especialmente para ele.
Todos nós decidimos ir e, como o cinema era bem próximo, eu caminhei até lá, embora com grande dificuldade. Havia uma incrível aglomeração no cinema, os ingressos eram difíceis de conseguir, mas um de meus companheiros conseguiu se apossar de alguns, pagando, aparentemente, uma "soma" astronômica.
Eu não considero que é necessário repetir aqui o conteúdo daquele absurdo, que era o "top" da temporada, mas devo dizer que sentado naquela sala superlotada com pessoas que, em virtude da má ventilação eram obrigadas a respirar ar ruim, eu, incapaz de sair, foi obrigado por bem ou por mal olhar para o filme, e olhar intensamente, pois o foco da minha visão ainda não estava re-estabelecido, e eu tive que fixar os vários objetos, às vezes com um olho e, às vezes com o outro, e o tempo todo eu me sentia revoltado com aquele “blefe” moderno absurdo, cuja popularidade era devida inteiramente ao instinto de rebanho, especialmente prevalente entre as pessoas de hoje.
No final daquele, que eu deveria chamar de “processo-hipnótico geral”, a fim de fixar firmemente algumas idéias sugeridas anteriormente, eu, "mancando" e apoiado por meus companheiros, voltei ao Cafe de la Paix, que mais tarde tornou-se meu “escritório”, e recuperando progressivamente minha calma, começou a se formar na minha mente o esboço do cenário que eu chamei de ''Os três irmãos". Nesse cenário três irmãos atuavam em vez de dois, e todas as manifestações e inter-relações deles eram comparadas por mim às manifestações e inter-relações das três partes separadas, independente formadas e relativamente educadas da totalidade geral do homem, representando, de fato, em primeiro lugar, o corpo físico, em segundo, o corpo astral, e em terceiro lugar, o corpo mental do homem, e, nos diálogos dos três personagens, sob a forma de uma discussão, ou seja, afirmativas e negativas, eu introduzi algumas idéias que vieram até nós desde os tempos antigos, quando a ciência da medicina era altamente desenvolvida, idéias do que é útil ou prejudicial, satisfatório ou insatisfatório para um ou outro dos personagens do cenário no processo de transformação desta ou daquela substância.
Durante os primeiros dois ou três meses, obrigado a ditar, devido à minha fraqueza, eu estabeleci, sem um sistema definido, idéias tomadas separadamente do conjunto geral, - fragmentos, na forma de pequenos cenários, representando vários episódios externos na vida de pessoas diferentes.
Mas depois, quando minha força física foi mais ou menos re-estabelecida, comecei eu mesmo a escrever, e então, durante a leitura em voz alta de um desses meus cenários, cujo tema era uma lenda que eu tinha ouvido na infância sobre o aparecimento dos primeiros seres humanos na Terra e da qual eu tinha tornado Belzebu, como testemunha provável deste aparecimento, o herói principal, percebi nesse cenário em uma fonte muito rica a partir da qual poderiam ser extraídos inúmeros pontos de partida correspondentes para uma fácil compreensão de explicações sobre as várias facetas das minhas idéias, e decidi, portanto, deixar de escrever cenários pequenos e escrever uma obra prima, tendo esse cenário como base para todos os meus escritos seguintes. A partir desse período, explorando ao máximo essa fonte para um desenvolvimento lógico de uma ou outra das questões que, em sua totalidade, podem fornecer uma clara compreensão da essência das minhas idéias, comecei a expor e elaborar todo o material previamente selecionado para publicação, seguindo dessa vez, um sistema definido.
Desde então, durante todos esses anos, até hoje, ocupei-me exclusivamente com escrever, e muitas vezes, por conta de novos planos que se sugeriam no curso de minhas meditações, eu mudava o texto, bem como a forma exterior do que já estava escrito e somente no ano passado eu finalmente adotei no texto a forma final em que meus escritos serão publicados.
Para dar ao leitor imediatamente, neste livro, uma idéia dessa forma finalmente selecionada de todos os meus escritos e, ao mesmo tempo, para não tencionar novamente meu pobre cérebro, que já está cansado, vou apenas dar aqui as seis primeiras páginas-título dos escritos do meu primeiro livro, que está completamente finalizado e entregue para a gráfica.











Primeira página






_______________________






G. GURDJIEFF.



TUDO E TODAS AS COISAS



Dez livros



em três séries.




O original está escrito em Russo e Armênio. Traduções para outras línguas foram feitas e ainda estão sendo feitas sob a direção pessoal do próprio autor, por um grupo dos tradutores especialmente treinados em conformidade com a sua individualidade definida e escolhidos de acordo com seu entendimento do texto que é traduzido, e das peculiaridades filológicas de cada língua.






PARIS.



1933.






















Segunda página




Tudo é exposto de acordo com novos princípios de compreensão lógica, com o objetivo de resolver três problemas fundamentais.







PROBLEMA DA PRIMEIRA SÉRIE.




De maneira impiedosa, sem o menor compromisso, extirpar do pensar e do sentimento do homem as crenças e opiniões enraizadas há séculos sobre tudo o que existe no mundo.



PROBLEMA DA SEGUNDA SÉRIE.




Fornecer o material necessário para uma reedificação e provar a sua solidez e boa qualidade.



PROBLEMA DA TERCEIRA SÉRIE.




Contribuir para o surgimento no pensar e no sentimento do homem de uma representação autêntica e correta do mundo que existe na realidade e não esse mundo ilusório, que, de acordo com a afirmação e prova do autor é percebido por todas as pessoas.













Terceira página








PRIMEIRA SÉRIE






Em três livros sob o título comum de





"UMA CRÍTICA OBJETIVAMENTE



IMPARCIAL DA VIDA DO HOMEM"



ou



"RELATOS DE BELZEBU



A SEU NETO".








SEGUNDA SÉRIE






Em três livros sob o título comum de





"ENCONTROS COM HOMENS NOTÁVEIS"








TERCEIRA SÉRIE







Em quatro livros sob o título comum de






"A VIDA SÓ É REAL QUANDO “EU SOU".













Quarta página





PRIMEIRO LIVRO



da série







"UMA CRÍTICA OBJETIVAMENTE IMPARCIAL



DA VIDA DO HOMEM"



ou




"RELATOS DE BELZEBU



A SEU NETO".









Quinta página




Conteúdo do primeiro livro da



primeira série.









1. O Despertar do pensar.


2. Por que Belzebu veio ao nosso Sistema Solar.


3. A causa do atraso na queda da nave trans-espacial "Karnak".


4. A Lei de Queda.


5. O sistema do Arcanjo Hariton.


6. Movimento Perpétuo.


7. Tornando-se consciente do verdadeiro dever esseral.


8. O moleque atrevido Hassein, neto de Belzebu, se atreveu a nos chamar de "lesmas".


9. A causa da gênese da lua.


10. Porque os "homens" não são homens.


11. Um traço picante da peculiar psique do homem contemporâneo.


12. O primeiro estrondo.


13. Por que a fantasia pode ser percebida como uma realidade na mente do homem.


14. O início das perspectivas que prometem nada de muito alegre.


15. A primeira descida de Belzebu ao planeta “Terra”.


16. A relatividade da concepção de tempo.

17. O arqui-absurdo! Belzebu afirma que o nosso Sol não ilumina e nem aquece.


18. O arqui-fantástico.


19. Belzebu relata sobre sua segunda descida ao planeta “Terra”.


20. O terceiro vôo de Belzebu ao planeta "Terra".

21. A primeira visita de Belzebu à Índia.


22. Belzebu no Tibet pela primeira vez.


23. A quarta estada pessoal de Belzebu no planeta "Terra".


24. O vôo de Belzebu para o planeta Terra pela quinta vez.


25. O Mui santo Ashiata Shiemash, enviado do Alto para a Terra.


26. O Legomonismo relativo às deliberações do mui santo Ashiata Shiemash sob o título de “O-Terror-da-situação".


27. A forma de organização para a existência do homem criada pelos Mui santos Trabalhos de Ashiata Shiemash.


28. O principal culpado da destruição de todos os Mui Santos Trabalhos de Ashiata Shiemash.


29. Os frutos das antigas civilizações e o surgimento da contemporânea.


30. Arte.




Conteúdo do segundo livro.

31. A sexta e última estada de Belzebu no planeta "Terra".


32. Hipnotismo.


33. Belzebu como um hipnotizador profissional.


34. Rússia.


35. A alteração do curso previsto para a queda nave trans-espacial "Karnak".


36. Um "pouquinho mais" sobre os alemães.


37. França.


38. Religião.


39. O planeta Sagrado "Purgatório".

40. Relato de Belzebu sobre o modo que as pessoas aprenderam e novamente esqueceram a respeito lei cósmica fundamental "Heptaparaparshnock".


41. O Dervixe Bokariano - Hadji-Asvatz-Truv.


Conteúdo do terceiro livro.

42. Belzebu na América.


43. A opinião de Belzebu sobre o processo periódico de destruição recíproca dos homens.


44. Na opinião de Belzebu o entendimento usual do homem de "justiça" do ponto de vista objetivo é uma "maldita miragem".


45. Na opinião de Belzebu a extração de energia da Natureza pelos homens e sua utilização para suas necessidades é uma das causas do encurtamento da vida do homem.


46. Belzebu explica a seu neto sobre o significado da forma e da seqüência da exposição de suas idéias sobre o homem.


47. O resultado inevitável do pensar imparcial.


48. Do autor.




Sexta página


Um conselho amigável escrito impromptu pelo próprio autor na apresentação deste livro para a gráfica.
De acordo com muitas deduções feitas por mim durante experimentos contínuos relacionados à percepção que os contemporâneos têm de novas impressões que são ouvidas ou lidas, bem como de acordo com o sentido de um ditado da sabedoria popular que acabo de lembrar e que vem a nós da Antiguidade até nossos dias, formulado assim: Toda oração pode ser ouvida pelas Forças Superiores e podemos receber uma recompensa correspondente somente se ela for pronunciada três vezes:
Primeiro, para o bem-estar ou a paz da alma de nossos pais;
Segundo, para o bem-estar dos nossos próximos;
E apenas na terceira vez, para nosso próprio bem-estar.
Eu considero que é necessário na primeira página deste primeiro livro que está completamente pronto para publicação, dar o seguinte conselho:
Leia cada um de meus escritos três vezes: A primeira vez, pelo menos como você já se tornou automatizado a ler todos os livros e revistas contemporâneos. A segunda vez, como se estivesse lendo em voz alta para alguém; E apenas na terceira vez, tente compreender a essência de meus escritos.
Só então você talvez possa obter o seu próprio julgamento imparcial peculiar a você mesmo sobre meus escritos, e só então se realizará a minha esperança de que você receba, de acordo com seu entendimento, o pelo benefício determinado que tenho em vista para você e que lhe desejo com todo o meu ser.
Assinado: O Autor





Só agora, tendo preparado, na minha opinião, por meio de tudo já foi colocado neste livreto, um “trabalho-de-base” correspondente, por assim dizer, para representar diante do olho interior de cada leitor diferentes esboços da essência deste livro meu, chamado por mim de "O Primeiro-Apelo- À Humanidade-Contemporânea", eu considero correto, antes de outras coisas, anunciar à todos que, embora eu finalmente empreendo a publicação de meus escritos, eu decidi promover a sua circulação não pelos meios usuais, mas de acordo com um plano definido elaborado por mim.
Esse plano, recém-formado por mim, consiste em tomar todas as medidas possíveis para impedir que meus escritos, com exceção da primeira série, e tornarem de imediato propriedade "acessível a todos".
Essa minha decisão, tomada durante os últimos anos no curso de minhas observações daqueles que ouviam a leitura do meu trabalho em curso, é o resultado de longa consideração, e é uma conclusão contrária à minha esperança original da possibilidade de fazer um pouco mais, contribuição disponível geralmente para a cura da psique do homem, que já se tornou, durante os últimos séculos, quase completamente anormal.
De acordo com a minha decisão, resolvi tornar acessível ao público apenas três livros da primeira série de meus escritos.
Com relação aos livros das outras duas séries, eu pretendo tornar o seu conteúdo conhecido da seguinte forma:



Os conteúdos da segunda série serão conhecidos por meio de leituras, abertas a todos aqueles que já tiverem um conhecimento aprofundado dos conteúdos da primeira série. Essas leituras destinam-se a realizar-se, entretanto, nos chamados círculos já existentes entre os vários grupos grandes de homens que constituem-se de seguidores de minhas idéias. Para esse efeito, esses "círculos" já existentes, cujo acesso se tornará muito mais fácil, serão reorganizados e serão abertos "clubes" de um tipo completamente novo, de fácil acesso e nos lugares onde não existem tais "círculos" serão enviadas pessoas especialmente trainadas para organizar leituras.
Familiarizar-se com os conteúdos da terceira série dos meus escritos é permitido apenas àquelas pessoas que, além de ter um conhecimento profundo das idéias expostas nas duas séries anteriores, já começaram a se manifestar e reagir às manifestações das outras pessoas em estrita conformidade com as minhas indicações estabelecidas nas séries anteriores de meus escritos.
O mérito e competência dessas pessoas serão julgados por alguns daqueles que já tenham sido admitidos aos chamados “direitos-de-iniciados”, de acordo com o código criado por mim, ou, como poderia ser melhor expressado, em conformidade com os regulamentos modificados por mim, que sempre existiram na Terra entre as pessoas que, em sua busca pela verdade, atingiram um certo Ser definido.


Embora eu tenha tomado todas as medidas possíveis para a estrita observância da presente decisão, eu não considero que seja em vão dirigir um apelo sincero a todos os leitores de meus livros para me ajudarem no máximo de sua capacidade a realizar de todas as maneiras essa decisão, de modo que ninguém interessado em meus escritos jamais deveria tentar lê-los em qualquer outra ordem do que a indicada, em outras palavras, ele não deveria nunca ler nada escrito por mim, antes de já estar bem familiarizado com as obras anteriores, mesmo que alguém, com um motivo particular, tente persuadi-lo a iniciar a leitura de um modo que não seja do início.
Acredite, você deve tomar minha palavra a esse respeito, que a execução exata desse desejo meu pode ser de grande importância para você e seus interesses, e eu, portanto, friso particularmente e insisto nele.
Não vou agora escrever em detalhe as conseqüências que resultarão se minha solicitação não for seguida; isso eu esclareci e verifiquei através de minha própria longa observação e cálculos estatísticos. Vou apenas dizer aqui que, para certas pessoas, a leitura de meus escritos em qualquer outra ordem diferente da indicada (não importa se o leitor já é a um longo tempo um seguidor das minhas idéias ou se tornou-se um recentemente), pode provocar fenômenos indesejáveis em sua psique geral, um dos quais em especial pode paralisar para sempre a possibilidade de auto-aperfeiçoamento normal.


Agora, para explicar o plano de publicação de meus escritos, eu mencionei as pessoas que atingiram os "direitos-de-iniciados”, sob a garantia das quais as outras pessoas seriam permitidas a se familiarizar com as idéias que lançam luz sobre a Verdade e a Realidade na terceira série; e para evocar na mente do leitor até mesmo uma concepção aproximativa dessas pessoas e, incidentalmente, também daqueles sob cuja direção, as leituras comuns da segunda série acontecerão, e para criar, deste modo, uma atitude correta para com eles, acho que é necessário dizer isto:
Essas duas categorias diferentes de pessoas, com a co-operação das quais pretendo tornar conhecido a um público mais amplo o conteúdo da segunda e terceira séries de meus escritos, representam hoje os possuidores de dois graus muito diferentes dos chamados ''Ser-e-Compreensão”.
A preparação para sua futura atividade começou como um resultado de duas circunstâncias diferentes, que aconteceram acidentalmente e estão relacionadas com minha atividade.
As circunstâncias que contribuíram para a formação do primeiro grupo dessas pessoas, que têm de provar a dignidade das pessoas comuns pelo direito de se familiarizar com o conteúdo dos livros da terceira série de meus escritos e que agora serão meus principais assistentes na nova fase de minha atividade, foram os seguintes:



No início, quando eu finalmente decidi organizar o Instituto sob os princípios já mencionados neste livreto, e estava procurando por um país adequado onde colocar isso em prática, eu previa algumas possíveis mudanças nas condições ordinárias da vida e decidi, por conseguinte, em qualquer eventualidade, confiar minha intenção à uma "fraternidade" (uma espécie de mosteiro existente bem no coração da Ásia), com vistas à assegurar de certa maneira a sua cooperação no futuro.
Como resultado de longas discussões sobre todos os tipos de obrigações mútuas que, da minha parte, estavam relacionadas principalmente ao campo de minhas futuras ações religiosas e morais, e, da parte deles, consistia na orientação, em estrita conformidade com os meios indicado por mim, do mundo interior das pessoas que eu confiaria a eles, chegamos a um certo acordo definido.
E desde então, a partir de 1911, quando cheguei no país que era naquele momento chamado de "Turquestão Russo”, e enquanto me deslocava de uma cidade para outra, em direção a Moscou, e entrando em contato com pessoas diferentes, respondendo a minha finalidade ao preparar tudo necessário para o realização de minhas intenções, sempre que acontecia de eu encontrar no campo de minhas idéias, tais pessoas como tinham dados correspondentes ao meu objetivo, objetivo que estava parcialmente conectado com a minha prevista necessidade deles no futuro, eu estabeleci relação com eles e, após o necessário acordo mútuo e depois após fornecer-lhes tudo o que era necessário, enviei-os para o mosteiro.


Durante todo esse período, e até o momento do meu referido acidente grave de carro, eu viajei por toda Rússia, Cáucaso, Turquia, Alemanha e Inglaterra até o lugar onde eu finalmente me estabeleci: a acolhedora França, encontrando dezenas de milhares de pessoas de quase todas as nações da Ásia e da Europa sobre no terreno comum de minhas idéias, das quais selecionei 27 de ambos os sexos, respondendo em seus dados ao meu propósito, e enviei-as para o referido mosteiro.
Com exceção de três, um deles foi enviado de volta por conta de manifestações indignas, depois, naturalmente, de ter sido colocado sob um “feitiço” especial de silêncio, de modo que ele não pudesse revelar o que tinha visto ou ouvido lá, e dois dos quais morreram, um vítima de uma doença hereditária e o outro por causa de um acidente ocorrido enquanto ele estava à procura de uma planta medicinal "Santchishook'', todos os outros, durante todo o período, além de cumprirem todos os requisitos estabelecidos daquele monastério sob a orientação dos frades mais velhos e de alguns de meus ex-assistentes, que me faziam visitas ocasionais na "busca pela verdade", todos eles chegaram a um conhecimento teórico em todos os seus detalhes da essência da totalidade das minhas idéias e assimilaram-nas de maneira prática em seu Ser, com o objetivo de seu próprio muito merecido bem objetivo em sua velhice.


As circunstâncias, mais uma vez muito felizmente preparadas no meu passado para o presente, que foram a causa de uma preparação excelente para pessoas da segunda categoria, com a ajuda das quais, de acordo com meu plano recém-elaborado, as informações sobre o conteúdo da segunda série de meus livros, serão dadas a um público maior, foram obtidas dessa forma.
Quando, oito anos atrás, algumas pessoas degeneradas, que para a vergonha de nossa geração também são chamadas de "homens", cometeram contra mim um ato que se tornou, por assim dizer, a "apoteose" de suas inúmeras "boas-ações", isto é, depois do meu grave acidente automobilístico, que foi conhecido por todos que me conheciam, e quando, graças a várias razões, obviamente decorrentes segundo a lei, das boas ações objetivas de meus antepassados e das minhas, eu, ao contrário de todas as expectativas, não morri, eu logo comecei a liquidar o Instituto fundado por mim e tudo ligado a ele, e quando, tomando conhecimento mais tarde das dificuldades de muitas das pessoas que viveram por muitos anos as minhas custas na seção principal do Instituto, bem como em outros locais onde eu esperava em breve abrir novas seções, eu decidi organizar para alguns deles e suas famílias, uma vida em comunidade em um dos Estados da Europa Central, onde a vida era relativamente barata e mais ou menos adequada para tal propósito.


Eu organizei essa comunidade para aquelas pessoas necessitadas, que, enquanto estiveram perto de mim, comportaram-se de maneira escrupulosa e mais ou menos meritória, e juntei a elas aqueles com quem encontrei no meu caminho do Turquestão para Paris, e os quais, como ainda não estavam prontos, considerei apenas como candidatos a serem enviados posteriormente para o referido mosteiro na Ásia Central.
Desde então, todos eles ainda vivem lá, e, enquanto cumprem todos os tipos de tarefas inevitáveis da vida cotidiana, continuam, por um lado, a realizar na prática as possibilidades que haviam aprendido de mim durante a sua estada no Instituto, e , por outro lado, a se familiarizar completamente com todo o meu trabalho atual, cujas cópias são enviadas para eles regularmente.
Como muitas das pessoas que conheci nas últimas duas décadas, ficariam extremamente interessadas em saber o que foi que me orientou na determinação do merecimento das diferentes pessoas para este meu objetivo, e, ao mesmo tempo, esse conhecimento, eu acredito, pode se tornar para alguns deles um fator de incentivo imediato, fazendo-os assimilar finalmente, embora apenas para os seus benefícios egoísticos, alguma verdade que eles tenham aprendido de mim, eu considero que é apropriado afirmar abertamente aqui que, da grande quantidade de dados que provaram a aptidão dessas pessoas para mim, os principais foram os cinco seguintes:



1) Se eu estabeleci, após observação multi lateral, que eles tenham tido em sua individualidade, desde a idade preparatória, certos pontos de partida definidos para uma vida mais ou menos meritória na idade responsável.
2) Se no ser deles não estivessem completamente atrofiadas as predisposições herdadas de modo geral para o desenvolvimento na individualidade de fatores que evocam os impulsos de "vergonha-orgânica", “religiosidade", “patriarcalidade", "a-consciência-de-sua-mortalidade " , etc
3) Se houvesse uma predisposição hereditária que permitisse a erradicação consciente de fraquezas previamente enraizadas em sua individualidade, devido ao meio circundante anormal.
4) Se eles já tivessem dado provas de ter tido condições estabelecidas da vida cotidiana adequadas, e tivessem adquirido a possibilidade de atingir, de acordo com certos princípios, algumas perspectivas definidas para o futuro.
5) Se estivesse presente um grau distinto de consciência da sua própria “nulidade”, e a possibilidade de atingir a qualidade necessária de desejo de transformarem-se de tal nada em “algo” definido, a qual eles deveriam ser, mesmo de acordo com o seu próprio entendimento tranqüilamente meditado.


Agora, após o "trabalho de base" acima, como o mestre-pintor diria, eu desenhei a linhas gerais da essência do meu apelo, e quero compartilhar com vocês, e comunicar a vocês, uma das muitas deduções definidas que fiz durante o minhas longas observações imparciais, no curso de estudos especiais das manifestações automáticas e, por vezes, relativamente conscientes das pessoas das mais variadas posições sociais, grau de compreensão inata, educação, raça e crença, ou seja, deduções definidas a respeito de um fator altamente pernicioso e indesejável, tanto no sentido geral como no subjetivo, e um fato agudamente manifestado na esfera psíquica do homem.
Por ora limito-me a mencionar apenas informações gerais relativas a esse fator psíquico inerente a todos, que verifiquei e esclareci de todas as formas possíveis, e que me surpreendeu, depois de parecer ser, a primeira vista, relativamente insignificante. Mais tarde, falarei em detalhes desse fator, bem como dos meios estabelecidos por mim como um resultado de meus métodos experimentais elucidativos, que alterariam e até destruiriam completamente esse fator indesejável com todas as suas conseqüências.
Esse fator psíquico, incrível para mim por causa de sua absoluta contradição com as convicções incutidas em mim desde a infância, bem como com as concepções religiosas e morais comuns a todas as pessoas de hoje, foi observado por mim, e depois, durante os 21 anos de vida artificial mencionada no início neste livreto, foi elucidado em todos os seus aspectos, graças a um dos meus muitos princípios que eu infalivelmente apliquei a todo mundo que eu conheci, sem distinção.


Esse princípio, um dos vários que eu estava constantemente seguindo durante esse período, consistia em que eu nunca considerava, e sob nenhuma circunstância incentivava, nas pessoas que eu encontrava o impulso criado por esse fator inevitavelmente formado na individualidade geral do homem moderno, cujas manifestações são conhecidas pelos nomes de "Vaidade" e "Auto-Presunção”, mas ao contrário considerava-me obrigado a adotar uma atitude crítica em relação a eles, e punha em risco toda prosperidade que dependia disso.
A fim de tornar isso claro para todos os leitores e enfatizar sua importância, eu acho que é necessário fundamentar a aplicação do princípio acima mencionado durante esse período da minha vida.
Muito antes desse período da minha vida, quando eu decidi conscientemente, sob juramento especial, por um determinado tempo manifestar-me e reagir às manifestações das pessoas que eu encontrava de uma determinada maneira, agindo durante muitos anos, como eu já havia notado como hipnotizador profissional, embora eu tivesse tentado tanto quanto possível, durante o exercício de minha profissão, manter sob o controle de minha consciência as manifestações indesejáveis de minha natureza, não obstante a isso, progressivamente formou-se dentro de mim, procedendo muito além do controle de minha consciência ativa, certas influências automáticas sobre as pessoas em torno de mim durante seu estado de vigília, bem como seu estado hipnótico.


Por conta disso, logo começou a se tornar realmente perceptível à minha consciência desperta várias conseqüências inconciliáveis com minha natureza, essa influência automática sobre as pessoas, que muitas vezes evocava em mim remorso de consciência; e, portanto, na elaboração do programa de minha vida, que era para ser meu princípio guia para o futuro, e cuja tarefa fundamental e principal era que eu sempre, no decorrer deste período predeterminado, em todos os estados interiores do meu organismo, deveria "cultivar" interiormente e manifestar para todos que eu encontrava o sentimento de amor, benevolência piedosa, etc, eu também decidi incluir o princípio acima mencionado, porque sua aplicação à vida, embora principalmente para servir o meu objectivo especial, constituía, na minha opinião, ao mesmo tempo, um parte da minha benevolência interior para com as pessoas.
Desta forma, criando em minha consciência, que havia adquirido previamente uma boa estabilidade, não sem luta incessante contra as fraquezas inerentes à minha natureza, eu mantive quase sempre em relação à todas as pessoas que eu encontrava, sem distinção, o impulso benevolente citado, ajudando-os, por exemplo, com conselhos úteis, dinheiro e coisas essenciais para a vida como alimentação, cartas de recomendação, etc, como resultado, no entanto, de todas as minhas observações e inquirições, eu definitivamente estabeleci que todas as minhas boas ações não despertavam neles o reconhecimento de toda a minha gentileza, mas, ao contrário, formava em todos eles um sentimento de evidente hostilidade em relação a mim que era devido ao fato de que, de acordo com o referido princípio, eu não levava em consideração e reagia à influência dos impulsos "diversamente-coloridos", que surgiam neles como resultado do fator psíquico comum ao homem de hoje.


Em tudo isso, o fato mais curioso, na minha opinião e que é capaz de despertar no homem um grande número de reflexões, é aquele estabelecido e verificado por mim em todos os seus aspectos, e que parece ser legítimo também, no sentido de que se, quando em relação a qualquer um daqueles que já abrigavam tal inimizade contra mim, eu deliberadamente aumentava a minha benevolência interior, aumentando proporcionalmente, é claro, ao mesmo tempo a referida "censura", essa hostilidade aumentava em todos os casos sem excepção, e chegou a tornar-se hostilidade manifesta em relação a mim.
Ao falar sobre esse fator pernicioso existente em cada estado psíquico do homem moderno, que tem sido por tantos anos um dos principais objetos de minhas observações especiais, considero necessário, antes de afirmar minha “conclusão” final, dizer, em primeiro lugar, o seguinte:
No atual período de minha vida, quando declinando em anos, depois de ter tido tudo à saciedade que a vida pode oferecer a um ser humano, e tendo ficado dessa forma desiludido completamente em tudo e, conseqüentemente, possuindo no mais alto grau todos os dados que permitem-me ser imparcial, eu, exortando o Céu e a Terra a testemunharem minha sinceridade e jurando pela paz de minha consciência após a morte, hoje, com base nas convicções estabelecidas em minha consciência, proclamo aos ouvidos de todos:
A causa fundamental de quase todos os mal-entendidos que surgem no mundo interior do homem, bem como no processo da vida comunitária das pessoas, é principalmente esse fator psíquico, que é formado no ser do homem durante o período da idade preparatória exclusivamente por conta de uma educação errada, e no período da idade responsável cada vez que é estimulado faz nascer nele os impulsos de "
Vaidade" e "Auto-Presunção”.


Eu afirmo categoricamente que a felicidade e a auto-consciência, que deveriam estar presentes em um homem real, bem como numa existência em comunidade pacífica entre as pessoas (deixando de lado e não tentando analisar aqui as muitas outras causas que existem em nossas vidas não por nossa própria culpa), na maioria dos casos dependem exclusivamente da ausência em nós do sentimento de "Vaidade".
Meu desejo mais sincero neste caso é que cada homem, que se esforça para justificar perante a Grande Natureza seu destino como homem, e não apenas como um animal, destino que é reservado para ele entre os outros Seres na Terra, e é tal como que deveria ser (como eu provo logicamente na terceira série de meus escritos, e afirmo, sem qualquer contestação possível por parte de ninguém), deveria ver depois, em seu esforço para descobrir o sentido dos meus escritos e nas novas instituições que espero fundar, em primeiro lugar a possibilidade de encontrar neles vários meios de ajudá-lo a erradicar de sua totalidade esses dados fixados nele, cuja totalidade dá nascimento a todas as variedades de sentimentos da "Vaidade".


E tendo em vista, por um lado, caracterizar - para a preparação, por assim dizer, de "solo fértil" que irá permitir os leitores compreenderem da melhor maneira possível meus apelos subseqüentes - minha perpétua, como poderia ser chamada "maníaca busca" pela solução de todos os problemas “andrológicos” ainda obscuros e, por outro lado, a fim de fazer os meus leitores entenderem mais claramente o real significado da presença no mundo interior dos homens de fatores que contribuem para um cultivo consciente ou até mesmo automático de bons impulsos para com as outras pessoas, impulsos a partir dos quais surgem todos os tipos de conseqüências contradizendo as concepções de costume dos homens, isto é, impulsos idealizados e professados por todas as doutrinas religiosas que existiram e ainda existem na terra, bem como pela moralidade, que as eras têm forjado na vida do homem, - eu considero útil ou mesmo necessário confessar aqui que, para ter a possibilidade de explicar para mim mesmo em mais detalhe os resultados da manifestação nas relações humanas de um relacionamento “nu” baseado no amor, compaixão, solidariedade, confiança, etc, livre de todos os tipos de convenções malignas exteriormente estabelecidas em nossa vida, resultados que antes escaparam de minha atenção por algum motivo, eu, desde o dia que eu comecei o meu primeiro presente apelo, até hoje, isto é, a partir do dia 13 de setembro até o dia 13 de janeiro de 1933, por um lado comecei eu mesmo a colocar em prática muito insistentemente, e até mesmo com um auto-escárnio constante, aquele princípio religioso filosófico conhecido pelos homens durante séculos, e de acordo com o qual nossos antepassados e até mesmo alguns povos contemporâneos chegaram, graças a sua vida adequada, a um certo grau de auto-consciência, dedicaram um terço de cada ano da sua vida - dependendo de qual parte menos interferiria com as obrigações da sua vida cotidiana – ao auto-aperfeiçoamento ou, como dizem, para "salvar suas almas" ; este princípio pode ser formulado da seguinte maneira: "Ser paciente-com - cada – ser -e -não – tentar -através – das - possibilidades em nosso – poder – alterar -as conseqüências -das – más-ações de-nossos- semelhantes”, por outro lado, eu provoquei e apoiei as manifestações do princípio através de uma influência artificial sobre a psique de outras três pessoas diferentes, e pude observar cuidadosamente todas as conseqüências que resultaram disso ".



Os dispositivos de minha influência artificial eram de três tipos:
O primeiro eu influenciava por meio de quase ininterruptas persuasões gentilmente mencionadas e exortações conscienciosas; o segundo eu influenciada pelas ameaças do futuro terrível que os aguardava, e o terceiro, por meio de várias sugestões hipnóticas.
Durante o mesmo período, na medida em que a minha depressão física temporária, conseqüência de séria fadiga, permitiu-me, intensifiquei ainda mais, em relação a todas as pessoas que entravam em contato comigo, minha benevolência interior, mas acompanhada pelo estrito cumprimento da possibilidade definida por mim como uma tarefa séria de sempre lembrar e, em conversas, manifestar deliberadamente, sob a máscara de uma séria irritação, o dispositivo praticado desde o início do meu período dos vinte e um anos de vida artificial mencionado, e que eu resumi na frase:
"censurar – impiedosamente - todas – as – manifestações – ditadas – nas – pessoas – pelo- maligno – fator – da – vaidade – presente - em seu -ser."


Quanto aos fatos que estabeleci naquele tempo, eu verifiquei em todos os seus aspectos todos os fatos novos que derivaram desse, chamado “contato de mundos internos", e eu vou falar sobre eles em alguns apelos subseqüentes que pretendo publicar, mas gostaria, por enquanto, com referência à última das minhas observações e verificações especiais, que conduzi, naturalmente, também com vista à preparar para os nossos descendentes o material factual para a correta inculcação e compreensão por parte deles do significado real e verdadeiro da psique de seus "semelhantes" e seus próximos, criaturas desafortunadas, também, por conta de sua falta de força de vontade e de razão objetiva real, de modo que eles, isto é, nossos descendentes, ao contrário de nós que, como pessoas de nossa época, já nos tornamos, em virtude do meio anormal que nos cerca, quase simples e automaticamente-vegetativos animais, quando deveríamos ser realmente criaturas à semelhança de Deus capazes de entrar e entender a posição dos outros, - para dar uma explicação aproximada neste meu primeiro apelo de um ''experimento elucidativo” original, tentado por mim durante os últimos meses, e confessar ainda uma outra e nova decisão categórica, trazida pelas conseqüências desse experimento altamente psicológico e para o cumprimento da decisão que eu pretendo seguir imediatamente após a conclusão de todos os meus escritos.


Gostaria de falar sobre essa experiência aqui e até mesmo confessar a minha decisão categórica com relação a essa questão, em particular, de modo que possa surgir, - no pensar das muitas pessoas que me encontraram no tereno de minhas idéias, mas que ainda persistem em vegetar na Terra, e com os quais, portanto, perdi muito tempo sem benefícios tanto para eles quanto para mim, principalmente por conta da preguiça criminosa, - tempo que naquele período não era suficiente para meus afazeres muito importantes numa escala mundial - algum choque de intensidade tal que permita a formação neles, finalmente, mesmo se automaticamente, de alguma outra forma de "pensar e sentir" mais apropriada ao homem.
Devo afirmar, antes de tudo, que quando, durante esses últimos meses, eu estava trabalhando neste meu primeiro apelo, enquanto simultaneamente olhava através de minha primeira série de escritos, que estava pronta para impressão, surgiu a necessidade de elucidar para mim mesmo os referidos resultados detalhados que escaparam da observação ordinária quanto à existência no mundo interior do homem de todos os tipos de esforços altruístas para com os outros, portanto, levando em conta a situação que resultante, ou seja, que quase não havia sobrado pessoas acerca de mim essenciais para minhas elucidações experimentais gerais, que foi a conseqüência da decisão que havia sido aplicada durante um período de anos para limitar o círculo de pessoas que procuravam entrar em contato comigo, eu tinha recorrido - a fim de ter à minha disposição uma vez mais o corpo necessário de vários tipos de pessoas, ou seja, ter, como se diz, um "campo vasto para experiência" - à seguinte medida.


Tendo decidido muito tempo antes hipotecar, após a conclusão de meus escritos, minhas duas propriedades Europeias, a fim de que, se após a conclusão de meus escritos, meus "negócios comerciais colaterais", como eu os chamo, acontecerem por alguma razão, no momento destinado para a publicação, de estarem num processo que é chamado de "processo-de-crescente-inércia", como de fato aconteceu, eu não ficaria totalmente dependente dos outros, e que eu possa ter a possibilidade através da ajuda do dinheiro conseguido dessa forma colocar para andar a publicação e a divulgação de meus escritos que achava adequado, comecei a organizar essa hipoteca não como qualquer pessoa mais ou menos familiarizada com os modos de Paris teria feito, ou seja, simplesmente confiando o assunto para o advogado mais próximo, mas, com a intenção de formar a tal campo experimental, confiei o caso a uma série de escritórios especiais que existem para esse propósito, bem como para "agentes–comissionários" privados e "sub-agentes-comissionários".
Graças a isso, o que penso ser minha última “extravagância", e com vistas a satisfazer a mesma mania, eu elucidei para o meu próprio benefício - além de convencer-me da exatidão de minha estranha verificação, que contradizia absolutamente a concepção comum do homem, que a força e o grau de benevolência interior do homem evoca um grau proporcional de 'hostilidade" nos outros, - uma multidão de novos e até então insuspeitados fatos, embora triviais, importantes e explicativos, e mesmo, pode audaciosamente ser dito, tornei-me "recheado" novamente com tamanha riqueza de material puramente psicológico que, ao contrário de minha convicção, assim como a de todos aqueles que estão mais ou menos familiarizados com os meus escritos, - uma convicção que eu não tinha mais nada para escrever a respeito, como eu já tinha escrito sobre tudo que se podia imaginar, teria, talvez, sido suficiente para a minha nova profissão de escritor para o resto da minha vida, assumindo, é claro que eu desejasse continuar nela.


Fui enriquecido ao máximo com material para escrever sobre um incontável número de temas diferentes, capazes de compor em sua totalidade uma importante obra literária, mais extensa talvez até mesmo do que os "Relatos de Belzebu a Seu Neto”, e chamada dessa vez, por exemplo, de
"Sonhos e Fantasias das Pessoas no Século XX".
Duas outras tristes conseqüências devem ser mencionados em relação a minha situação real: a primeira era que eu fui obrigado, durante esse período, a abandonar aqueles lugares em Paris aos quais tinha me acostumado, e interrompi muitas vezes dessa forma o tempo regular de meus pensamentos, que estavam dedicados à minha dada tarefa, porque, desde o dia em que recorri aos escritórios e pessoas privadas acima referidos, a expansão do meu "campo experimental" começou a assumir tais proporções, aparentemente como resultado da crise geral, que dentro de dois ou três dias eu fui obrigado a abandoná-lo por medo de ser, por assim dizer, finalmente "sugado até secar”; e a segunda foi que minha idéia extravagante custou-me no final uma soma considerável de francos franceses e marcos alemães.


Eu não teria chamado essa segunda circunstância de triste, uma vez que estava de acordo com a ordem das coisas, suportar gastos pesados ao longo de minhas várias pesquisas psicológicas, se não tivesse acontecido de inesperadamente eu ter me tornado nesse ano uma vítima da crise americana.
Recordando agora essa muito falada “crise americana" e embora plenamente consciente do fato de que muitos irão me censurar, não vou disfarçar, mas admito abertamente, o fato de que não apenas estou pessoalmente contente, mas que até mesmo experimento um impulso de "satisfação" e abençôo esta crise, que abalou aquela que era, ao que tudo indicava, a já estável e próspera vida americana.
Tal impulso aparentemente “maligno” surgiu na minha individualidade original e continua a prosperar nela no presente como um resultado do fato de que apenas em conseqüência da sua ação sobre minha posição material foi-me concedida a possibilidade de confirmar a justeza da minhas investigações, e só agora cheguei à convicção plena e absoluta, expressa agora em todo o meu ser e não só, como antes, em minha consciência que, se, em contraposição com aquele fato documentalmente verificado que persistiu no processo da vida comunitária de pessoas até à famosa "Civilização-Greco-Romana", no momento presente no processo da nossa vida comunitária todos os impulsos interiores determinados de qualquer homem finalmente deixaram de criar qualquer impressão e ter por sua própria iniciativa qualquer reverberação no mundo interior das pessoas ao nosso redor, isso resulta exclusivamente das conseqüências da inculcação na consciência ainda não formada da geração crescente de várias convenções e costumes para sua manifestação artificial, isto é, como conseqüência de sua chamada formação, que começou a assumir tais formas distorcidas no período da civilização Greco-Romana e a florescer em especial no período da Idade Média.


A conseqüência imediata dessa minha “extravagância” foi que encontrando uma multidão de pessoas de todo tipo de situação social e hereditariedade, que vivem no presente momento nesse centro da vida comunitária para as pessoas contemporâneas que até mesmo é chamada de a ''capital do mundo'', e onde, portanto, devem fluir todos os “dispositivos aperfeiçoados”, por assim dizer,
de uma existência usual feliz e os quais todas as outras pessoas devem tomar e usá-los para o seu bem, - dentre o número destes dispositivos aperfeiçoados deve ser contado, também, é claro, métodos simplificados para a formação proposta no ser do homem de fatores correspondentes para a manifestação consciente e automática de vários aspectos da "moralidade objetiva”, eu, tendo externamente com essas pessoas, em razão do meu desejo de obter uma quantia relativamente pequena de dinheiro para a segurança de minha propriedade que valia muitos milhões, várias, por assim dizer, “relações-comerciais-logicamente-seqüentes"; e interiormente realizando na prática o referido "princípio-religioso-filosófico" para a obtenção de meu objetivo psicológico especial, como resultado de tudo isso, plena e claramente, e sem qualquer sombra de dúvida, estabeleci a completa ausência neles de todos esses fatores psicológicos que, de acordo com muitos dados históricos acompanhados de prova documental, necessariamente formavam-se na totalidade das pessoas das épocas passadas.


Esses fatores psíquicos em particular, que constituem-se nas pessoas durante o período de sua idade preparatória por sua própria iniciativa sob a influência de seu ambiente, e em parte pela ação deliberada de professores sábios, durante a vida responsável, mecanicamente reagem de tal forma sobre a psique geral, que essas pessoas não podem, mesmo apesar de todo o seu desejo mental, se comportarem em relação aos outros, exceto em conformidade com esses fatores psíquicos enraizados neles desde a infância.
Refiro-me aos fatores que estão no processo de formação, mesmo no momento presente, completamente automaticamente é verdade, na maioria das pessoas que vivem em todos os continentes em locais mais ou menos isolados da influência da chamada "cultura” contemporânea.
Deve ser acrescentado aqui que esses fatores psíquicos podem igualmente ser facilmente incutidos nas pessoas que estão em sua idade preparatória nas condições da cultura contemporânea, mas para tornar possível a conservação desses fatores inalterados durante todo o período de vida responsável, é indispensável, - tendo em vista sua fixação, como minhas elucidações experimentais mostraram-me - vigiá-los incansavelmente ao longo de um período de um ou dois anos após a sua maioridade, e protegê-los das potentes influências do meio especialmente exercendo uma influência correspondente sobre eles.
Desses fatores psíquicos o que mais se destaca em relevo, e que se torna de imediato facilmente óbvio, é o fator que pode ser chamado de "escrúpulo de consciência" e que torna impossível que o possuidor dele aja de maneira diferente do que de uma maneira franca em relação a todos aqueles que mostram-lhe plena confiança interior, mesmo que sua chamada “consciência desperta” incite-o a agir de maneira oposta.


Falando desse fator, inerente à psique humana, que necessariamente se formava e estava presente durante todo o período da vida responsável de nossos ancestrais, que há muito partiram para a Eternidade, não me impede de dizer também e até mesmo enfatizar com um impulso de grande ofensa que das cinqüenta pessoas que habitam a capital do mundo e que serviam-me naquele momento, - sem, é claro, estarem conscientes disso, - como objetos de minhas observações e elucidações, o funcionamento e a manifestação desse fator psíquico peculiar provou entre onze deles ter sido completamente transformado no fator chamado nos tempos antigos de "podispodnia”, isto é, degeneração, e que já foi tão longe que, mediante a excitação acidental ou deliberada desse fator, a manifestação de sua ação se dá no homem pela realização de um ato diametralmente oposto.
Eu até mesmo assegurei-me da existência em duas dessas onze pessoas, dois irmãos de origem jurídica, sinais marcados do início desse mesmo "nada” maligno, que foi notado pela primeira vez na totalidade do homem pelos sábios e fisioquímicos da Babilônia, e chamado por eles de "poisnekuer”, e que, de acordo com a explicação desses sábios, tem a propriedade de se transformar, sob certas condições bem conhecidas do meio ambiente em uma fonte de contágio.


Tenho a intenção, devo dizer, após a conclusão final do trabalho em todos os meus escritos, de tornar esse "nada" também objeto de minhas investigações e tentar encontrar meios de erradicar para sempre da vida das pessoas essa praga da humanidade.
E ficando convencido durante esse tempo que a principal razão para a ausência desses fatores, que podem com facilidade ser deliberadamente formados, se encontra principalmente na ausência no processo da nossa vida contemporânea, para a educação da geração vindoura, dessas pessoas especialmente treinadas, que eram necessariamente encontradas no processo da vida comum de nossos ancestrais e eram chamados "instrutores espirituais”, e cuja principal obrigação consistia em ajudar, por influência direta sobre o mundo interior das crianças em seu distrito, a formação nelas desses fatores psíquicos particulares e inevitavelmente requiridos para a vida comunitária, eu, sem longa reflexão, decidi que, se tivesse êxito, em primeiro lugar, em superar com sucesso por meio de meus escritos especificamente aquela psicose em massa estabelecida das pessoas, que já foi analisada em todos os seus aspectos na antiguidade e foi chamada de ''helertoon" e que também pode ser explicada, de acordo com o entendimento contemporâneo, como as "inusitadas-excitação-das-mentes" - e, em segundo lugar, na organização, sem entraves, e na "escala e tempo" pretendidos, dos clubes de novo tipo já mencionados, eu introduziria desde o início sem falta a idéia de que uma das principais funções desses clubes deveria ser a rápida organização de Institutos por toda parte entre os grandes grupos de pessoas, cujo objetivo seria preparar tais "instrutores espirituais" que corresponderiam plenamente a sua ocupação.


"Anilina Caiena" seguirá desta minha decisão categórica particular, porque em tal decisão, entra também a minha suposição de que eu, para ter a possibilidade de realizar o meu objetivo, tenho também a intenção de estabelecer como meu primeiro fundo uma tal soma de dinheiro igual a que o experimento psicológico elucidativo, que acabo de explicar, custou-me, com a adição de mais um zero de juros, e de recuperar essa soma forçosamente criando sofrimentos morais duradouros naqueles cujo dever num determinado momento era tornar manifestos os fatores do bem, dando origem ao "escrúpulo de consciência" na totalidade dessas pessoas, que mais tarde negociaram com a hipoteca de minha propriedade, - aquela propriedade comprada literalmente com o suor do meu rosto – hipoteca que foi necessária para o benefício da humanidade, e eu decidi fazer isso com o conhecimento e a ajuda de seus parentes e amigos. Isso irá concernir, é claro, seus antigos tutores ainda vivos, quanto aos mortos, que não executaram enquanto vivos suas obrigações, que voluntariamente se comprometeram em relação aos seus sucessores, aniquilaram-se, como eu demonstrei experimentalmente, tão completamente que, após alguns dias já, não há meios, quer por poderes físicos naturais ou poderes mágicos sobrenaturais, de estabelecer contato com qualquer uma de suas antigas partes.


E para tornar possível a concretização de tudo isso, eu, precisamente hoje e, para mim, numa coincidência muito estranha de circunstâncias, que consiste que eu estava escrevendo as últimas linhas deste meu primeiro apelo uns poucos minutos antes da chegada do Ano Novo, de acordo com o calendário antigo, naquele momento em particular, quando, com o passar do tempo objetivo, em um dos processos de mudança do antigo para o novo ano, convinha o justo e imparcial Destino ou algum outro "Santo-Aspecto-do-Bem-aventurado-Equilíbrio-Cósmico' trazer minha aparência no mundo, dou para mim neste momento significativo no fluxo de minha vida, a minha palavra essencial - de mobilizar todas as minhas capacidades e quaisquer possibilidades que se acumularam em mim no decorrer de minha vida passada, para encontrar essas pessoas e realizar em relação a elas este mesmo objetivo que eu me propus. Amen.
Agora, depois de pronunciar tal, muitas vezes materializada aqui na Terra, palavra bíblica conclusiva, resta-me apenas proclamar a todos, que de qualquer maneira me encontraram no terreno de minhas idéias até o momento da minha atividade como escritor, que, após uma pausa de oito anos em todas as relações com todos de todos os tipos, eu novamente ansiosamente as renovo a partir de hoje.
Eu as renovo ardentemente, é claro, apenas com aquelas pessoas cujo mundo interior ainda não tenha se consumido por fim e caído sob a influência de diversos representantes do Deus do Mal.
Qualquer entrevista pessoal comigo só é possível após correspondência preliminar com os meus secretários.
Onde quer que eu esteja, meu endereço permanente continua a ser como antes: Chateau du Prieuré em Fontainebleau, França.


Aquele lugar em particular, onde localizava-se o departamento principal do "Instituto Para O Desenvolvimento Harmoniosa Do Homem", fundado por mim há onze anos atrás, e que, posso dizer, graças a eu ter em vista, desde o início da minha atividade como um escritor, que tinha em si algo indispensável para o objectivo de satisfazer esta nova fase atual da minha atividade para o bem de meus semelhantes e, como resultado disso, graças à meta principal que eu tinha me proposto, independentemente do meu estado físico depois da catástrofe, de preservar esse Chateau, e tudo do que ele era composto e continha, intacto apesar das dificuldades muito consideráveis de natureza material, bem como de outras - permanece no momento presente não apenas intacto e também preservado como ele era no dia do meu infortúnio, mas pode servir com toda a satisfação, devido à multiplicidade de novas construções e melhorias - para tudo que eu posa agora realizar.
G. Gurdjieff.





UM ANÚNCIO COMPLEMENTAR
Evocado pelos acontecimentos dos últimos dias e alguns que podem ter significado muito grande para muitas pessoas que me conheceram.




Terça-feira 7 de março 1933. Grand Café. Fontainebleau.




Os eventos de caráter econômico, político e social, ocorridos nas últimas semanas entre os povos de todos os continentes, finalmente confirmaram em mim a convicção de que já este pequeno livro de meus escritos, que encabeça a lista de minhas publicações, terá uma incomumente grande e, além disso uma rapidamente aumentada circulação e vai cair, naturalmente, em primeiro lugar nas mãos de cada uma daquelas pessoas que, há onze anos, tomaram parte de uma ou outra forma na organização na França do departamento principal do Instituto público fundado por mim, sob o nome de "O Instituto para o Desenvolvimento Harmonioso do Homem".
E tendo em vista o fato de que, logo em seguida naquele mesmo local, e quase nas mesmas condições, há de acontecer um evento muito importante relacionado com a organização anterior, decidi hoje, ou seja, poucas horas antes do aparecimento deste livro impresso, quando eu estava esboçando os planos de minhas novas construções propostas, escrever o seguinte anúncio e pedir ao editor para adicionar este suplemento.


Este evento iminente, cujas informações sem dúvida evocarão nos sentimentos e pensamentos de todos aqueles que participaram anteriormente na minha atividade passada diferentes associações e reações, que consiste em, primeiramente, no dia 23 de abril pelo velho calendário real, ou seja, no dia de São George, o Victor, dia que foi contado durante todo o período da existência do Instituto como, por assim dizer, seu "Dia-de-coroação", deverá ocorrer, como também aconteceu pela primeira vez onze anos atrás, um estabelecimento solene da pedra fundamental do novo prédio, que já em sua primeira forma, era considerado, por conta da sua importância, e deve doravante, ainda mais ser considerado como sendo o coração de toda a minha atividade para o bem de meus próximos, e que era conhecido por todos que já visitaram o Chateau du Prieuré sob o nome de "Ginásio", ou, como era chamado pelos Inglês e Americanos, "Study House ".
Desta vez, a construção final, respondendo como faz em todos os aspectos à sua denominação estará situada no centro do grande parque.
O novo "Ginásio" ou "Study-House" vai incluir, além do teatro e da sala de palestras que já existiam no primeiro andar e no porão, vários laboratórios independentes, equipados de acordo com todas as conquistas da ciência moderna, e dentre eles serão encontrado três ainda inexistentes na Terra, ou seja, o "Magnético-Astral, o "Pensamnetohanbledzoin "e o “Mentaloétero-alado”, acima haverá o também fabuloso observatório astronômico colocado a céu aberto e equipado com todos os dispositivos para aplicar todas as leis conhecidas na Terra em várias eras para a refração e reflexão dos raios e para a ampliação da visibilidade por meio das propriedades mediúnicas.


Este edifício será equipado também com outras invenções, que eu construí há muito tempo e já são conhecidas de muitos, embora elas não tenham sido ainda exploradas, dentre as quais encontram-se: O "Teclado-Luminoso" e o “Orgão-aumentador-de-Eco-Retro-Repercursor".
Em segundo lugar, a partir de primeiro de junho deste ano será estabelecida novamente a interrompida atividade do Instituto organizado naquela época, embora esteja sendo restabelecido em outras bases e, mesmo sob um nome completamente diferente, mas parecendo em sua totalidade como um resultado de sua realização naquele momento.
Será restabelecida também em sua intensidade total aquela atividade que é tão incomum nos tempos modernos e que foi interrompida em 1924, devido às graves lesões que sofri no meu acidente automobilístico, e também, posteriormente, como resultado da minha decisão de dedicar-me exclusivamente por um período definido de atividade como um escritor.
Eu decidi agora, neste primeiro livro a ser publicado por mim e que poderia também ser chamado, como se dizia nos tempos antigos, "Habarchi", isto é, "Pregoeiro público", pois, acima de tudo, ele proclama aos ouvidos de todos a chegada à Terra de Deus dos volumes em ordem seqüencial já de peso, volumes esclarecedores de tudo-e-todas-as-coisas escritos por mim, anuncia que também a fim de que - no tempo de um tal evento iminente que é tão importante para o objetivo fundamental da minha vida, - informações sobre ele possam ter tempo de atingir um número tão grande de pessoas quanto possível que participaram na primeira vez da organização e abertura da atividade inicial do Instituto fundado por mim e para evocar nelas: - em alguns, cujas ações eram naquela época baseadas em um desejo de um bem e felicidade não só para si mesmas, mas também para seus semelhantes, - uma satisfação de orgulho e alegria; em outros, cuja intenção e manifestação estavam baseadas apenas em, como eles também em toda probabilidade irão agora se confessar com um impulso de remorso, apenas em seu egoísmo puramente servil e preguiça criminosa - vergonha e arrependimento.
E que este meu novo começo esteja em harmonia com todas as três Abençoadas Forças incorporadas de NOSSO PAI COMUM. Amém.